Hoje é dia do amigo

 

Os amigos são o gelo nos nossos piores galos. Conseguem curar-nos das dores mais profundas só por existirem e estarem ao pé de nós, em silêncio. Aquele amigo que nos abraça quando o mundo está a ruir e esse abraço sustém toda a avalanche de desespero, quase como que um efeito especial inesperado e lindo de um desenho animado. Ter um amigo que nos deixa chorar e dizer disparates percebendo que há momentos em que temos de desesperar e deixar fluir a raiva. Ter um amigo que compreende e aceita que em dor todos somos feios.

Esse mesmo amigo que se esquece dos segundos de fraqueza e consegue trazer à tona o nosso coração aquilo que, para além da raiva, de facto somos. O amigo traz-nos à tona o nosso melhor. Mesmo quando não conseguimos ver esse melhor. Sobretudo, quando não o conseguimos ver e precisamos de uma lanterna lúcida e honesta para além de nós.

Ter um amigo é ter um recanto de descanso, um refúgio da nossa verdade, um chá com bolos e um sofá com manta para ficar quieto e mudo, esteja frio ou calor, na secura ou na intempérie, um silêncio de respeito por todas as dores escondidas que sentimos. Depois, claro, uma gargalhada que aparece estranha e bela no meio da angústia que nunca mais se esquece (porque é sempre memorável quando se chora a rir no olho do furacão da tragédia – porque existiu um amigo que lutou por esse momento, pelo romper da angústia, pela luz no meio do nada, é isso. Um amigo é uma luz no meio do nada.

Um amigo é uma luz no meio do nada que transforma a solidão em Primavera quando teimamos em ver só pedras e deserto. O AMIGO faz crescer flores na aridez e, de repente, porque o amigo existe, tudo volta a ter uma ordem e um sentido.

Ter um amigo é ter uma razão lúcida para viver.

Obrigada meu amigo.

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