A melhor cama da minha vida

Bom, deve parecer-vos estranho abordar este tema mas é um facto que por todo o mundo são muitas as pessoas que se interrogam sobre o que é isto de ser “uma boa cama”.

Ora eu descobri a melhor cama da minha vida, numa viagem curta mas de sonho ao nosso Algarve. Curiosos/as? Terão de ler até ao fim para entender o que me aconteceu e descobrir a resposta a esta inquietação secular da humanidade.

Na Praia da Rocha existe um lugar único. Um daqueles lugares em que mal entramos, ficamos numa espécie de bolha anestética de conforto e paz. Um sítio perfeito para se criar as melhores memórias e como boa elefanta que sou, deixo-as aqui e partilho-as convosco.

Quando cheguei e vi pela primeira vez o Hotel da Bela Vista, pensei que o palacete romântico, tão digno na sua antiguidade (data de 1918) podia ser o cenário perfeito para uma aventura. A luz de final de tarde caía mansa sobre as paredes impecavelmente caiadas, o palacete projectava-se imponente e tranquilo no areal dourado da Praia da Rocha, uma praia despida de gente (só gaivotas e, mesmo estas, em sesta) guardiãs da paisagem soberba e adormecida, em estágio para o bulício do Verão.

À minha espera, ainda no estacionamento, o primeiro rosto da Bela Vista recebe-me de sorriso franco e muita vontade de partilhar a história única daquele que muitos dizem ser o primeiro “Hotel do Algarve”. A Filipa marcou o compasso daquela que seria para mim uma das características de distinção da Bela Vista: o impecável serviço de todas as equipas. Simpatia, Profissionalismo, Formação cuidada em cada área, entusiasmo autentico no projecto comum.

Conta-me a Filipa que o Hotel começou por ser uma casa de família e, de facto, conseguimos sentir no espaço ecos de outras vidas e memórias felizes. A decoração actual da casa (assinada por Graça Viterbo) ajuda muito a perceber a história privilegiada do lugar: a decoradora cruzou de forma sublime o antigo com o contemporâneo criando um espaço de tal forma bonito e confortável que apetece, literalmente, aninhar em cada cantinho e ficar ali só a respirar o lugar. E é possível, entre um copo de vinho branco gelado e uma espreitadela por qualquer janela debruçada indecentemente no mar, consultar o livro de visitas da casa que regista as memórias devidamente reconhecidas com assinaturas, de hóspedes tão ilustres como Sidónio Pais, Rei Humberto de Sabóia, Fulgêncio Baptista, entre outros, ou apreciar o velho piano de cauda restaurado, oferta de outro hóspede como forma de demostrar gratidão, pelas memórias ali semeadas.

Como o compreendo. A dois passos de uma imensa praia, com um SPA Requintado, um restaurante do melhor que há no país (Chef detentor de uma estrela Michellin), uma equipa que nos leva ao colo na dose exacta do acolhimento perfeito… se eu pudesse, não deixava um piano… deixava ali a orquestra toda!

Posto isto, vamos para a cama que a conversa vai saborosa detalhada e longa, como se deseja a partir dos 40.

Cada quarto deste hotel, um mundo. Não existem dois iguais e imaginei a Graça Viterbo, ao cimo da escadaria de madeira, a guerrear com ela própria para criar o espaço mais bonito. Tudo obras de arte. Mas há um que bate tudo porque já vinha “programado de origem”com a casa de banho mais épica que vi na vida. Situada numa torre de vitrais coloridos, uma torre daquelas em que os Reis maus das histórias trancam para sempre as princesas boas de tranças loiras, está A CASA DE BANHO. Pela primeira vez pensei que não me importava que me trancassem ali, na verdade, até o desejei. Que beleza senhoras e senhores. Tomar duche no centro daquela divisão caleidoscópica com os vidrinhos de luz colorida todos refletidos no corpo e pensar “rasparta o ser humano que fez isto, nunca mais vou tomar um  duchito sem que pense neste cenário das arábias e todo o duche do mundo me vai parecer remendo ao lado disto”.

Vamos então para a cama, Rita. Andas a falar da cama desde o principio do texto. Que encontraste a melhor cama da tua vida e blá blá blá blá blá blá. É que dizeres isso aos 41 anos tem o seu peso, pois que tem!

Mas a verdade é que encontrei. O que faz uma boa cama? O tamanho… da mesma. Eu cá gosto de grandes para me conseguir esticar à vontade.

Esta além de ser grande tinha a consistência certa: nem muito mole, nem muito dura. Adaptava-se ao meu corpo, moldava-se a ele… perfeita! Cálculo o preço daquele colchão, para cima de um dinheirão, só pode. Aquilo é colchão com magia, de tão confortável que é  adormece-nos como se estivesse impregnado do mais poderoso soporífero. As almofadas (sonhei que roubava uma e era apanhada a meio do areal com a almofada na mão, eu pedia desculpa e o policia dizia “é normal, minha senhora, estas almofadas são demasiado boas, há sempre dois ou três hospedes por noite que não lhes conseguem resistir. Deite-se e durma”).

E eu que nem sou de cumprir ordens deitei-me e dormi tanto e tão bem….o edredon fino com a temperatura certa, uma almofada fresca para deitar a cabeça, outra almofada fresca e macia para abraçar com braços e pernas e lá fui eu sono dentro, profundamente feliz, na cama da minha vida.

O que é uma boa cama? É o lugar onde dormimos o melhor dos sonos, embalados pelas melhores memórias e a certeza absoluta de que o acordar vai ser feliz.

Partilhe nas Redes Sociais
FacebookTwitterPinterest

Deixe uma resposta

* Campos obrigatórios