Solta as amarras!

Pensas que és livre, mas em vários momentos sentes-te acorrentado, como umas amarras invisíveis que não consegues ver e isso deixa-te impotente. Ninguém consegue lutar contra o invisível, contra o que não vê. Sentes que tens de seguir um caminho. Um caminho supostamente escolhido por ti. É essa a grande ilusão da tua vida. Sentes o peso de uma decisão, quando na verdade montas um puzzle, com as peças que outros te deixaram na mesa!

Ao longo da jornada apenas tens de ter coragem para seguir os outros. Para escolher o que outros querem que tu sigas. Ora segues a direita, ora segues a esquerda, ora segues Jesus, ora Buda, ora Moisés, ora segues ninguém que consigas nomear…

Contudo, não te iludas, montas um puzzle com as peças que te foram deixadas na mesa.

Esqueceste da luz dentro de ti, esqueces-te de deixar a voz interior guiar-te. Encolheste a tua maior grandeza, a tua individualidade! Não há no mundo ninguém, absolutamente ninguém, igual a ti. Esse é o grande superpoder que cai por terra porque passamos a seguir o caminho que outros trilharam. Dizem que devemos comer mais bagas goji, mais aveia, mais sementes de cânhamo…e nós comemos. Dizem que devemos meditar, fazer exercício físico, e nós fazemos. Tudo orquestrado de forma a que nós julguemos que a decisão foi nossa. Talvez não seja mesmo assim, a peça do puzzle foi lá posta, tu só tiveste de a escolher! Às vezes, muitas vezes, somos apenas marionetas.

Pais, professores e sociedade passam a vida a dizer-nos que não basta sermos nós próprios, nunca somos suficientemente bons. Não nos chega sermos roseiras. As rosas não servem. Podemos ser roseiras, mas temos de dar flores de lótus. Porém, esquecem-se que nenhuma roseira dá flores de lótus. No entanto insistem, dão-nos a tesoura da poda e pedem que aparemos o nosso arbusto, temos de o moldar. O arbusto não pode esticar as suas hastes na direção que quer. É por isso que sofremos, que nos tornamos mecânicos, uma locomotiva que segue trilhos… cumprimos todos os preceitos para produzir lótus. Nunca chegamos lá e ficamos fanáticos. Não sabemos desligar das filosofias que nos impõem e das que nos impomos.

Dizem-nos que não é suficiente existir. Temos de ser complexos. Temos de ter uma filosofia. Que não podemos esperar. Que temos de nos atirar para o rio, mesmo que esse esteja lamacento. Todavia, ninguém nos diz, que para que o rio seja novamente claro, basta sentarmo-nos nas margens e esperarmos que a lama assente.

Às vezes, para que a vida flua só precisamos de nos sentar e esperar. Só precisamos de nos desligar do exterior, das vozes que gritam para nos atirarmos ao rio. Só precisamos de nos focar no silencio das margens.

Solta as amarras que te ditam o que deves fazer e vive intensamente o teu interior. Sê a tua própria luz!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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4 comentários em “Solta as amarras!

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