Meu Principezinho.

Recebi “O Principezinho” de Antoine Saint-Exupéry, talvez há cerca de 10 anos, muito provavelmente terá sido a minha Madrinha a oferecer-mo. Ela sempre me presenteou com livros dos mais variados géneros. Juntamente com a minha Mãe construiu a minha paixão pela literatura, mais do que isso, juntas deram-me asas para imaginar, permitiram-me passar dias a sonhar com as histórias e a elaborar as peripécias mais incríveis. Mas já estou a desviar atenção daquilo que vos quero dizer.

Voltemos ao livro, como já vos disse, tenho-o há uma década, devo-o ter lido no auge dos meus 10 anos. Um dia destes, fruto de uns quantos pares de razões dei por mim a ver o musical de La Féria que conta precisamente a história de Antoine Saint-Exupéry. Depois de hora e meia, decidi procurar o livro em todos os cantos da casa, há uns anos que já saí de casa e acabei por não levar os meus livros de infância, por isso, procurar um livro passado tantos anos transforma-se rapidamente numa caça ao tesouro. Acabei por o encontrar num baú, não estou a romantizar a situação, porque isto é factual, o livro estava num baú de madeira, junto de alguns brinquedos e outros livros. Bem, percetível será que passei o resto da tarde a lê-lo e a tentar percebê-lo.

Meus caros, há umas quantas coisas que encontrei neste que é considerado um dos grandes clássicos da literatura infantil que valem a pena ser destacadas.

Encontrei lições que sempre ali estiveram, há dez anos estavam, hoje também estão.

Afinal, sabemos o quanto precisamos que nos expliquem tudo, tem de existir sempre um porque e uma resposta, a simplicidade do inexplicável não nos enche as medidas, assim, o narrador que se tornou piloto tinha razão, “porque as pessoas crescidas estão sempre a precisar de explicações”.

E quantas vezes só nos damos conta dos problemas quando eles acontecem? Eles sempre ali estiveram e nós optámos por ignorá-los, mas quando os queremos resolver e colocar um ponto final, estão demasiado enraizados. Já o principezinho dizia que “se só se reparar num embondeiro quando já for bastante grande, nunca mais ninguém se vê livre dele.”.

Podemos ainda falar de sentimentos, da relação que temos com os outros e da que temos connosco próprios.

Talvez nos tenha custado a aprender, tenhamos esperado tanto de alguém e acabámos por fazer exigências que não foram cumpridas, talvez tenhamos culpado o outro e hoje percebemos que afinal “Só se pode exigir a uma pessoa o que essa pessoa pode dar”. E o Rei, sábio, ainda nos afirma que “É muito mais difícil julgarmo-nos a nós próprios do que aos outros”. Acredito que esta lição seja a mais árdua de aprender, porque será, não é? Olhar para nós próprios.

E as estrelas? Já pararam para as observar? Quando parece que dançam no céu ao som do vento, não há paisagem mais bonita que as luzes dançantes das estrelas, o Principezinho pensou que “Se calhar, as estrelas só têm luz para cada um de nós encontrar as suas.”. Eu sempre encontro as minhas e elas sorriem-me, e vocês? Hoje podem parar e procurar as vossas, procurem as vossas luzes, os sorrisos de que sentem falta. Um aconchego.

Por último, falemos das nossas rosas, da rosa de cada um. Aposto que estás agora a ver a imagem dela ou a ouvir a sua voz na tua cabeça, vai um suspiro com o nome dela? Pergunta-mo nos porque são tão especiais para nós, a Raposa também deu a sua resposta, e segundo ela, “Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.”. Faz sentido, não faz?

Eu sei que falta a lição final que ecoou ao longo dos tempos, mas não vos queria dar algo comercial, não queria que associassem esta obra maravilhosa a uma simples frase. Queria que como eu, se revissem nela e a sentissem com o sentimento que ela merece, cada palavra, cada lição.

(E talvez, gostasse que quem a tivesse lhe tirasse o pó e lhe desse a importância de uma nova leitura, com outros olhos, olhos de crescidos.)

Mas seja como for, leituras ou re-leituras, sintam-se curiosos e adotem um Principezinho para as vossas vidas, ou se já o adotaram, reencontrem-no.

Eva Morgado

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2 comentários em “Meu Principezinho.

  1. Gostei muito! No meu canal booksteps no YouTube falei durante 36 min sobre este livro e por mim não parava. Há tanto a retirar dele…fico muito feliz que ainda lhe seja dada importância.
    Beijinhos e bom trabalho

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