Amor-próprio

Nunca fui uma mulher vaidosa. Sempre gostei de me sentir bem na minha pele. Sempre fiz desportos que gosto e que me fazem sentir bem. Sempre gostei de comer saudável, e isto para mim significa comer de tudo com moderação (vá, com uns abusos pelo meio, absolutamente sem culpas!). O que nunca fui, foi uma mulher obcecada com os quilos que tenho a mais ou a menos. Uma mulher desequilibrada pelas modas (que não sigo) e tendências. Nunca fui de invejar o corpo daquela e o rosto da outra. E para dizer ainda mais verdade, nunca tive paciência para “coisas de rapariga”, tipo fazer as unhas (com muita pena da minha filha!) ou pôr maquilhagem. Sou quem sou e como sou. Nem melhor nem pior. Sou apenas eu.

Agora, com dois filhos a crescer tão depressa quanto os cabelos brancos que me invadem a cabeça, faço questão de lhes dizer todos os dias o quanto orgulho tenho em mim mesma. Isto é tão importante! Digo-lhes o quanto me acho bonita, mesmo com todas as minhas imperfeições. Digo-lhes que o pai deles me escolheu a mim exactamente pelo que sou (e que ele poderia ter escolhido uma mulher diferente). Falo-lhes do quanto gosto de ser quem sou. É fundamental os nossos filhos saberem que gostamos de quem somos, que nos aceitamos como somos. Que sabemos que existem coisas que poderiam ser melhores, coisas que podemos melhorar, e que até damos o nosso melhor por isso; mas que também não passamos a vida a lamentar-nos por aquilo que não somos ou não temos. Que não nos pomos em frente do espelho a lamentar-nos porque o vestido fica apertado, ou porque estamos com cara de bolacha.

Tenho uma filha com 9 anos. Quero que ela se torne numa mulher forte, senhora de si mesma. Quero que ela saiba que a coisa mais sexy numa mulher não é a barriga lisa ou as pernas esguias, mas uma coisa que se chama auto-estima (também conhecida por amor próprio). Barriga lisa sem auto-estima morre de fome! Quero que ela se preocupe em cuidar do que lhe está por dentro, tanto ou mais do que mostra por fora.

Tenho um filho com quase 6 anos. Quero que ele saiba respeitar cada mulher que entre (ou saia) da vida dele, da mesma forma que quero que ele me respeite sempre a mim. Que ele saiba ver a beleza que se estende para além de uns olhos bonitos. Que ele se veja sempre a si próprio com olhos de ver, porque os nossos olhos são o melhor espelho da nossa alma.

Não podemos esperar dos nossos filhos, valores aos quais nós mesmos não fazemos justiça.

Tiago- Tu és tão bonita mãe.

Mãe- (com um beijinho de esquimó) Pois sou filho! Sou bonita! E tu também és um rapazinho tão lindo!

Amor-próprio: onde tudo começa e onde tudo acaba. O princípio e o fim das histórias que a vida nos deixa protagonizar. Um olhar para dentro.

Nota sobre a autora

Sofia Isabel Vieira, com 38 anos. Uma sonhadora vísceral, aventureira a tempo inteiro, e autora nas horas livres. A motivação para a escrita deve-se ao facto de ser uma contadora de histórias da vida que vejo acontecer à minha volta e dentro de mim. Acredito que #oamorcuratudo, e escrevo, todos os dias, em nome dele.

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1 comentário em “Amor-próprio

  1. Sofia, hoje arranjei-me para ir trabalhar, e como sempre,reparei nas minhas olheiras, na minha barriga nada lisa, pensei que o meu cabelo no Inverno está sempre uma desgraça por causa da humidade.
    Não pensei que o
    meu corpo me trouxe até aos 43 anos, me deixou amar, viajar bastante, e ter 2 filhos saudáveis. Mas devia.
    Depois de ler o seu texto prometi a mim mesma que vou começar a agradecer e parar de me queixar. Precisava mesmo disto. Obrigada. ⚡️

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