A pandemia do aquecimento global

Quando o século XXI, viu abater sobre si a primeira pandemia, a ação imediata foi decretar o recolher obrigatório pelo mundo. Conheceu-se, na mesma proporção, um novo mundo que se regenerava à medida que nós nos recolhíamos!

 Durante esta quarentena, ficou patente a influência do homem no ambiente. Tal como ficou bem explícito o efeito da sua não ação.

Foi bonito, arrisco a dizer que bucólico, ver as águas a aclarar, os animais selvagens a “invadirem” território urbano, a diminuição do smog que se abatia sobre as movimentadas cidades.

Muitos enalteceram este efeito secundário da pandemia. Houve quem alvitrasse a hipótese de as quarentenas serem o mal necessário para colocar travão na catastrófica alteração climática.

Claro que esta pandemia não vai por cobro às alterações climáticas. De acordo com uma investigação da Goldman Sachs, “a crise pandémica da Covid-19, pode levar ao maior declínio já registado de emissões globais de dióxido de carbono”.

Porém, não podemos analisar o imediato. A pandemia vai trazer muitos efeitos nefastos. Inclusive para o ambiente. No rescaldo das últimas crises, percebe-se que há uma tendência para o aumento das emissões em anos subsequentes a uma grande crise. “As emissões relacionadas com a energia sempre recuperaram após uma crise”, esclareceram analistas da Goldman Sachs.

Deduzo que para muitos cientistas climáticos, a emergência climática devia ser reconhecida, à semelhança da pandemia da Covid-19. Isso sim, fazia jus ao seu discurso e aos dados que têm vindo a apresentar.

Ora, a forma como vamos recuperar desta crise pode ser decisiva na luta contra as alterações climáticas. Podem e devem surgir novos modelos de atuação económica assentes numa energia mais limpa e em cadeias de produção mais conscienciosas.

Estamos a viver um tempo muito dramático e de difícil previsão. Imagine a sua vida em março e veja como está agora. Poucos arriscam dizer como será em outubro. Dado este novo cenário há um risco acrescido: os fenómenos extremos a que o clima já nos foi “habituando”. Imagine um país com milhares de desempregados, com uma economia estagnada a ter de enfrentar vagas de calor intensas, épocas de incêndios que consomem milhares de hectares, ou inundações que cobrem grandes áreas…

Para enfrentar todas estas crises de uma só vez, precisamos de um estímulo verde que crie empregos e eleve comunidades de maneiras que também reduzam a poluição de carbono, aumentem a resiliência e desenvolvam uma economia justa e moderna.

Uma das lições que importa reter é que se não tratarmos da questão ambiental é bem possível que as alterações climáticas nos ofereçam várias pandemias.  Já se percebeu que o provincialismo humano foi durante décadas uma salvaguarda na questão pandémica. Tendo em conta que essa realidade nos dias de hoje está desatualizada, importa perceber como vamos combater as futuras pandemias. Sim, volto a reforçar. Sim, no plural. As alterações climáticas estão a acelerar a expansão dos trópicos o que tem vindo a alargar as fronteiras de mosquitos e de um conjunto enorme de pragas que estavam “estáveis” e controladas. Podemos ter deslocações de pragas que podem ser reprogramadas e evoluírem. O que nos deixa vulneráveis. Com pouca capacidade de prevenção e de atuação, dada a rapidez com que estes fenómenos se têm vindo a desenvolver. Com uma população mundial que circula por todo o globo a uma velocidade estonteante. Arrisco dizer que estamos a edificar um barril de pólvora.

Se para recuperarmos desta pandemia vamos demorar décadas, imaginem uma recuperação cheia de revés provocados pelo clima? Imaginem termos de lidar a cada ano com uma nova pandemia…

Concertemo-nos em dar a volta com uma revolução de fundo!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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1 comentário em “A pandemia do aquecimento global

  1. Muito bom Inês, parabéns pelo artigo!
    É por isto, para lutar por um futuro digno para as próximas gerações, que os pais se juntaram aos jovens para lutarem juntos contra a inação para reverter o impacto das alterações climáticas: o movimento Parents For Future.

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