Vidas em suspenso

Estou há 15 dias em isolamento. 15 dias em que os dedos de uma mão chegam para contar as vezes que fui à rua. Tal como eu, milhões de pessoas estão a fazer o mesmo e é natural que o cansaço e a tristeza se apoderem dos semblantes, nem que seja por breves momentos. Porque é preciso voltar à vida normal, não deixar que um filho veja uma lágrima a cair, ou um marido ouça um grito mudo. Há um chão para lavar, uma máquina de roupa para fazer, um jantar para preparar, uma actividade para inventar, uma trabalho de casa para ajudar…. mas a ansiedade, essa, continua lá.

Parece que as nossas vidas foram postas em suspenso. E foram. Disseram-nos para ficarmos em casa e não contactarmos com ninguém, a não ser através de um ecrã. Pelo nosso bem e pelo bem dos outros. E nós ficamos. Para quem pode, o trabalho é feito a partir de casa, a escola é na sala de estar, e os momentos de lazer são em todo o lado, desde que sejam entre quatro paredes. Quatro paredes que, a cada dia que passa, parece que estreitam uma casa que, até há bem pouco tempo, num final de um dia extenuante, só queríamos voltar para ela. E agora, só queremos sair dela…

Tenho lido muitas coisas sobre as consequências desta pandemia. Consequências a todos os níveis: económicos, sociais, culturais, humanos. Porque é a humanidade que está em causa. Porque todos os os outros factores dependem deste, do humano. Porque, se há coisa que esta pandemia veio mostrar é que, de facto, o que realmente interessa são as pessoas.

Vai daí, pus-me a pensar: e se, quando deixarmos de estar no “Pause” e carregarem no “Play”, voltássemos à nossa vida normal? Fôssemos arranjar o cabelo e as unhas ao nosso cabeleireiro de sempre… Jantássemos com os amigos todas as semanas, se possível, fora… Fôssemos ao cinema, ao teatro ou a uma exposição? Todas as vidas foram postas em suspenso. Era só retomar do sítio onde estava. Não sou economista, nem politóloga, jornalista, comentadora de bancada ou astróloga, mas não era fantástico que as previsões catastróficas, por uma vez na vida, não batessem certo? E se um pequeno gesto de uma pessoa – uma ida ao café, uma compra numa loja de comércio tradicional, marcar um fim-de-semana ou férias em Portugal – se juntasse a milhares de outros pequenos gestos e o pior dos cenários não fosse assim tão mau?

Provavelmente, é delírio de isolamento, um desabafo de uma pessoa idealista que se recusa a acreditar que a recessão é inevitável. Mas já que o pior dos cenários é o mais provável de acontecer, que os nossos pequenos gestos sirvam como sinal de esperança de que #vaificartudobem.

Nota sobre a autora

Olá, o meu nome é Tatiana Mota e passei ao lado de uma grande carreira na TV e na rádio. Como podem, aliás, ver neste vídeo de 35 segundos que realizei para um passatempo, e onde se denota grande talento de atriz (cof… cof…).

Para além disso, e para não passar ao lado de uma grande carreira na escrita, tenho vindo a desenvolver esse skill não só em publicações de informação cultural, como a LeCool Lisboa, mas também na nouvelle plataforma Reveal Portugal , sem contar também que sou foodie na Zomato.

Se tenho Instagram e Facebook? Claro que sim: no Insta – como dizem os jovens – e na xafarica do Sr. Zuckerberg, estou como sou, sem maquilhagem, em Alta Definição.

Atualmente, não tenho blog – mas já tive – e influencer, só se for a influenciar os filhos das minhas amigas a serem do Benfica. Penso estar a fazer um bom trabalho nesse sentido.

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1 comentário em “Vidas em suspenso

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