Vamos focar-nos, mais

O foco é o principal ativo do futuro.

Está a ler este texto e já parou três vezes para ver a notificação do Instagram, do WhatsApp, ou de outra rede social qualquer? Por isso, agora vai voltar a ter de ler novamente a primeira frase! Certo. Numa era em que não nos faltam estímulos, a falta de foco está a tornar-se um dos principais ativos do futuro.

Estamos a precisar de reeducar a nossa atenção.

Quando fiz o meu curso não tinha internet ilimitada, e o Facebook estava a dar os primeiros passos…não sei se teria tido a média que tive se estivesse a estudar nos dias de hoje. Enquanto vos escrevo tenho barulho de fundo de um vídeo de Youtube e tenho os “plins” do grupo de trabalho do WhatsApp a caírem e as notificações do mail a pingar no canto inferior direito do pc…. Demasiados estímulos à minha volta! Que a sociedade diz que eu tenho de ter porque tenho de ser multitasking senão, estes novos tempos de concorrência e tensão vão-me engolir.

Foco é diferente de falta de interesse! Claro que existirão sempre textos maçadores, temas pouco interessantes e áreas que não nos interessam. A grande questão é quando queremos abordar um tema que gostamos ou às vezes, até precisamos e não temos foco! Esta dificuldade em chegar ao tão necessário foco leva-nos a perceber que este é um bem preciso que se está a perder nas brumas da era da informação e das redes sociais.

Vamos á definição do foco: é a nossa habilidade de colocar atenção onde, quando, e durante quanto tempo quisermos. O foco é a nossa capacidade de estar presente no agora. Temos dois tipos de focos: o interno e o externo. O foco externo é usado para compreender os sistemas à nossa volta, no fundo para compreender o mundo como um todo. Já o foco interno é a capacidade para ler a nossa mente. Este último é a chave para metas, objetivos, (que se definiram no início do ano…e ainda estão em banho maria, certo?) no fundo, este é o que nos permite seguir a missão a que nos propomos.

São várias as variáveis que mexem com o foco e inevitavelmente nos conduzem para o futuro. O futuro, nada mais é que a consequência de um conjunto de decisões que tomamos no presente.

Curiosamente os circuitos mentais que geram a concentração são os mesmo que geram ansiedade. Daí a necessidade de parar para pensar e a urgente necessidade de desenvolver o foco. Tal como no ginásio fazemos várias repetições para desenvolver o músculo, também o músculo do foco pode ser desenvolvido.

Temos algumas técnicas para o desenvolve. Não há um comprimido mágico, talvez no futuro tenha de ser inventado! Para já só com técnicas.

Temos dois tipos de estímulos que nos roubam o nosso foco. Os estímulos externos, que advém dos locais que nos rodeiam e que podemos contornar. E os estímulos internos, os que vêm da nossa energia interior.

Vamos a técnica que nos ajudem a colmatar estímulos externos.

  • O primeiro ponto é eliminar a habilidade de fazer milhares de coisas ao mesmo tempo, estamos sempre em multitasking, até nos foi incutido que esta é a forma de sermos produtivos. Porém, quantas vezes jogamos tempo fora? O nosso cérebro gasta muita energia na mudança constante de atividade e isso deixa-nos cansados e pouco eficazes no cumprimento da tarefa. Inclusive, muitas vezes deixa-nos ansiosos.
  • Podemos usar técnicas como a do pomodoro ou aplicações como a forest ou simplesmente o cronómetro para nos obrigarmos a períodos de concentração e assim treinarmos o nosso músculo.
  • Podemos usar a folha de distrações isto é estar a trabalhar e ter uma folha em branco ao nosso lado onde vamos apontar aqueles pensamentos que surgem no momento errado: “Ah tenho de ir limpar o carro”, “ah tenho de ir tirar a roupa da máquina”; “ah não tirei o frango para o jantar”; “ah tenho de enviar mail a X”. Apontem para que deixem de ocupar espaço mental.

Agora, vamos aos estímulos internos, os mais difíceis de eliminar. Estes surgem do tumulto emocional das nossas vidas. São pensamentos que entram sem pedir licença. Como podemos começar a trabalha-los:

  • Meditar, retirem o lado esotérico da questão, eu não consigo estar sentada no tapete a fingir que estou a elevar-me enquanto ser. Porém, importa esforçarmo-nos para aprender a parar para pensar. Comecemos por tempos pequenos, e vamos aumentar esse tempo…é o mais desafiante. Ajuda a concentrar apenas na respiração…inspira/expira.
  • Para estarmos fortes mentalmente importa cuidar do corpo, comer bem, fazer exercício, dormir bem, beber água…aquelas regras básicas de saúde que já todos conhecemos.
  • Dar a informação ao nosso cérebro que é momento de nos focar-nos criando um ambiente propicio para que não haja distrações.

Sei bem que tudo isto é desafiante, soa a teoria barata…todavia, já todos nós reparamos que por vezes não estamos nem meia hora a ler um livro sem ter de ir espreitar as redes sociais, ou outra coisa qualquer. Sempre numa ânsia de que se não formos ver, vamos perder algo!

O certo é que estamos a perder muitos dos momentos do presente e estamos tão distraídos com tanta coisa que nunca retemos ou absorvermos um filme, uma série, um texto, um momento com o devido foco. Estamos de corpo presente a viver instantes!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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