União, falta-te uma liderança servidora

Se isto fosse à Hollywood haveria um dia em que um líder falaria ao mundo, e, num tom de esperança dizia, que a partir daquele momento, a Humanidade estava livre da pandemia. Estamos a ver o discurso? Um tom humilde onde se alegava ter-se aprendido muito com este período negro da história. Seguido de um tom esperançoso com o compromisso de um futuro promissor de união e de prosperidade. O discurso já o conhecemos. Agora, a questão que se impõe, no atual panorama: quem seria esse líder?

A quem reconhecemos o estatuto de liderança europeia? Qual é a voz que a respeitamos?

Um líder à escala mundial tem de ter uma liderança servidora! Disso não temos dúvida. É preciso estar ao serviço dos seus! Agora, o desafio é tão grande que Greenleaf fala na necessidade de serem as instituições a assumirem este papel. De acordo com o autor: “Esta é a minha tese cuidar das pessoas, os mais capazes e os menos capazes a servirem se uns aos outros, é a base sólida sobre a qual se constrói uma boa sociedade Enquanto, até recentemente, cuidar era feito principalmente por pessoas para pessoas, agora a maioria destes cuidados é feito através de instituições muitas vezes grandes, complexas, poderosas, impessoais nem sempre competentes por vezes corruptas. Quando se quer construir uma sociedade melhor, uma que seja mais justa e carinhosa, uma que proporcione mais oportunidades criativas para as pessoas, então o melhor percurso passa por aumentar quer a capacidade de servir quer o próprio desempenho das principais instituições existente enquanto servidoras através de novas forças regenerativas a operar dentro delas” Greenleaf (1972).

É aqui que a União falha. Não tem uma liderança servidora! Sentimo-nos 27 fragmentos, cada qual a puxar para o seu lado. Não há coesão e há sempre o sentimento de quem vai “tramar” quem. Por isso é que muitos se soltam do barco e tentam o bote.

Nos dias que correm, com uma Europa envelhecida, fragilizada pela crise das dívidas soberanas e agora a braços com uma crise pandémica a União Europeia está muito aquém na sua tarefa de liderar os 27, quanto mais impor-se como uma líder de referência mundial. Falta a capacidade de escuta ativa, ouvir e compreender quem são os europeus. Falta empatia “vestir a pele” de cada país e compreender as suas idiossincrasias. Agora, um dos grandes calcanhares de Aquiles nesta União é a incapacidade de reconciliação o de restabelecer boas relações entre os países. Há sempre quezílias antigas a ressurgir. A constante divisão: norte, o sul e centro. Persiste a sobranceria de uns sobre os outros que nos impede de progredir como um todo.

A União Europeia usa as palavras para a persuasão e não o exemplo e isso afasta-nos. Que nos interessa discursos politicamente corretos, se não há ação que nos orgulhe?

Precisa-se urgentemente de uma consciência europeia. Mas mais do que uma geografia, a Europa precisa de se ajustar ao contexto onde se move. Falta uma conceptualização da visão, falta a capacidade de sonhar grandes sonhos! Não se soube partilhar a visão de forma realista e isso afastou muitos. Perdeu-se a capacidade prospetiva, entender o passado e o presente, para tirar lições para o futuro. Por tudo isso vai-se minando a confiabilidade e o compromisso.

Não se está a construir uma comunidade que promova o bem comum acima dos interesses particulares tendo em vista a construção de capital social, coesão e confiança.

Uma instituição com uma liderança servidora tem de ter a capacidade de construir uma comunidade com efetivo capital social. Sentimos sempre que a liderança que nos rodeia tende a olhar mais para os interesses particulares e não tanto para os interesses da comunidade e disso nós já temos nos nossos governos nacionais!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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