Uma nova era

Quem nasceu a meados da década de 80 do século XX levou com a premissa da globalização como o catalisador de crescimento económico. O entendimento comum sobre a criação de riqueza e melhoria da qualidade de vida das famílias assentava na máxima de um mercado global como protagonista. O grande dogma da globalização seria o das empresas criarem cadeias de valor a nível global. O que permitiria criar preços mais competitivos para os produtos, gerando benefícios para o consumidor final, que assim teria maior diversidade de escolha a preços mais acessíveis.

Tal saiu da teoria e foi para a prática! As grandes empresas nas economias desenvolvidas foram capazes de criar cadeias de valor para uma oferta global de produtos, aproveitando em particular os menores custos da força de trabalho noutras localizações. E enquanto os preços dos bens se tornaram mais acessíveis no país de origem das empresas, foram-se destruindo postos de trabalho nas economias mais avançadas, vítimas de deslocalização da produção, acompanhada do aumento de desigualdade nos rendimentos e da perda de ímpeto na produtividade.

Hoje, podemos afirmar que a globalização retirou milhões da pobreza e simultaneamente agudizou desigualdades. A pintura da história da Humanidade deste período irá demonstrar como a globalização disseminou a democracia, vários países como o Chile, a Malásia ou até a Estónia passaram a ter eleições. Como se globalizou a luta pelos direitos das mulheres ao ponto de na Arábia Saudita já poderem conduzir. Como se generalizou o acesso à educação. Ou ainda, como nos tornamos padronizados na forma como comunicamos, trabalhamos, e até nos alimentamos!

Claro, que a globalização tem o seu lado perverso e a crise de 2008 veio confirmar isso mesmo. Ruímos todos como castelo de cartas. Com a pandemia a assolar-nos sentimos ainda mais as fragilidades deste mundo pouco encantado da globalização.

Claro que não vamos voltar a fechar as fronteiras!

A nova era trará “coligações” com base nos valores. Vamos deixar de ver o mundo ligado apenas por objetivos económicos ou elos geográficos.

Olhemos para a Estónia, a Nova Zelândia e a Islândia. Três países bem distintos na sua posição geográfica, mas que ainda assim assinaram o acordo: Well-being Economy Governments. Um acordo cuja máxima é a partilha de políticas e conhecimentos que visem a máxima comum do bem-estar humano.

No futuro muitos países, ainda que separados geograficamente, vão agregar-se em prol de valores em que acreditam. Irão agregar-se para a partilha de know how. Isto fará com que as cartas da geopolítica mundial se joguem no campo do micropoder. Iremos ter mais vozes, mais modelos de desenvolvimento. Deixará de existir um modelo standard definido por uns para aplicar a todos. Antes modelos que façam sentido para a realidade de cada país. Países que querem apostar em turismo sustentável, países que têm de criar políticas para populações jovens, países que querem criar modelos de desenvolvimento económico sustentável…

Como por exemplo, a Europa cresceu em 2004 para Este, acrescentando 13 países, com a máxima da proximidade geográfica. Contudo, a mais recente crise entre Bruxelas com a Hungria e Polónia por causa do acordo para a famosa “bazuca”, veio provar a importância da cooperação em prol dos valores e não tanto com base no critério geográfico.

Olhamos para o mundo numa tríade: EUA; Europa; China. Contudo, o mundo tem mais latitudes, muitos países não pretendem esta polarização e querem traçar o seu caminho com base no que acreditam ser importante para as suas populações. São países que precisam de se aliar a outros que os inspiram e com quem partilham experiências políticas.

Nesta nova era, as disputas entre Washington e Pequim, terão menos importância. O mundo estará ligado e conectado no global. No particular, teremos vários elos que terão a força de nos demonstrar que há mais mundo para além dos supostos “gigantes” que a globalização criou.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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