Um caminho, duas direcções

Estranhos confortos de solidão fazem sentir o tempo ao segundo. Aproveitamos cada gota de perceção, das coisas que voam assim como um vagabundo. Percorremos ruas vazias de sensações que se enchem quando olhamos. Reparamos que cada uma usa singulares expressões, quando sozinhos de mãos fechadas e caminhamos. Ruas que se perdem nos sentidos, ruas que se fecham nas entranhas. Das nossas cobardias que sempre fugimos, encontramos respostas da liberdade de sermos pessoas estranhas.

Estamos sós! Sós de nós próprios, sós com os outros. Nós connosco no presente de não estar, e reparamos que afinal sabe bem melhor quando nos chamam de loucos. Solidão opcional momentânea. Vergo-me pela sua aptidão genial. De ficar feliz com a música instantânea, e ver que estou viva não apenas numa forma carnal.

Ser ou não ser? Eis que não se sabe. Se mais vale fazer, ou seguirmos pela vontade! Por dinheiro ou por ação? Por prazer ou por obrigação? Questões que vão sempre existir, até ao dia da derradeira afirmação!

Ir ou ficar? Continuar ou alterar? Tudo existe em aberto, e nunca saberemos qual das duas irá dar certo! Pensar ou seguir o impulso?

Questionar ou apenas agir? Impossível saber de onde vem o triunfo, e qual é que das duas nos faz mais existir!

Um caminho, duas direções! Opostas e diretas que segues, com a máxima das convicções, sempre com a sensação de que tudo percebes! Contrariedades sem exceções, momentos de pura felicidade, vidas com inúmeras paixões, e com a leveza falsa de eternidade. Vontade de ser grande. Vontade de ser alguém. Perceber depois ao ver o meu sangue, que de fato não sou ninguém. É vermelho e igual. A todos que correm em veias. Nada mais do que um líquido banal que se envolve em fatais e rebuscadas teias. Queria ser mar, ar e passarinhos. Queria voar, dançar e transformar, todos os sonhos grandes, em vez de pequeninos.”

Nota sobre a autora

Chamo-me Ana Neto, tenho 30 anos, vivo no Porto  e a nível académico tenho mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas. Exerci essa profissão em várias vertentes durante 4 anos, e há cerca de 5 anos, com a minha melhor amiga criei uma marca de malas (Maria/Maleta). A paixão pela escrita vem desde de criança, desde que me lembro escrevi sempre diários (tenho dezenas deles sobre a minha adolescência, confesso que lê-los é um momento de bastante embaraço versus nostalgia), andava sempre com blocos na mochila para poder “dizer” a mim mesma o que pensava e o que sentia. Não tenho nenhum motivo muito especial para a vontade de escrever, simplesmente o sentimento libertador é tão grande e faz-me sentir tão bem que gosto de pegar na caneta e escrever. Não posso dizer que é um passatempo porque não escrevo todos os dias, o trabalho e o dia a dia intenso por vezes faz-nos esquecer das coisas que mais gostamos de fazer. E agora lembrei-me que é bom contrariar isso.

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