Trevo de quatro folhas

Quantas vezes dissemos “que sorte de ter aquela pessoa na minha vida”? Quantas vezes pensámos “eu achei que podia contar com aquela pessoa”? Quantas vezes demos por nós a refletir que talvez não tenhamos dito vezes suficientes o quão importante é aquela pessoa para nós, ou a sentirmo-nos desiludidos connosco (e com os outros) por termos confiado demasiado em alguém.

A vida é um desafio constante. Hoje estamos num momento incrível, amanhã podemos ter um dia péssimo em que só nos apetece fugir. A vida não vem com manual de instruções, nem nos dão um guião para conhecermos a nossa história logo de início. Dizem que isso é a magia da vida: não sabermos o que vai acontecer no momento seguinte.

A vida não nos prepara para os sucessos e para os falhanços, principalmente os primeiros. Nós muitas vezes não sabemos como lidar com um ganho e com uma perda. A vida é feita da imprevisibilidade, do não-controlo, da surpresa.

Contudo, ao longo dos tempos tenho-me apercebido que a vida se encarrega de nos colocar as pessoas certas nos momentos certos, mesmo aquelas que passado uns tempos nos parecem agora tão erradas e que nem percebemos a importância que lhes atribuímos. E esta entrada e saída de pessoas da nossa vida, permite-nos lidar melhor com as situações pelas quais vamos passando.

Confesso que gosto desta ideia de termos pessoas que são verdadeiros trevos de quatro folhas na nossa vida, pessoas que, independentemente, da situação, vão estar lá, sempre. E sim, também acredito que todos já tenhamos tido pessoas que acreditávamos verdadeiramente que estariam lá, e de repente desapareceram, porque “tinham mais do que fazer” ou, simplesmente, deixámos de fazer sentido nas suas vidas, e vice-versa.

Ao longo da vida vamos maturando as nossas relações, vamos criando relações novas e vamo-nos desligando das que nos deixam de fazer sentido. Gostamos de estar rodeados de pessoas com as quais nos identificamos, com quem possamos falar de tudo sem julgamentos nem aborrecimentos. Apercebemo-nos de que ter as “nossas” pessoas, faz toda a diferença na forma como vivemos connosco e com a sociedade, e vamos conseguindo filtrar cada vez melhor as nossas relações.

Por tudo isto e muito mais, é importante termos isto (sempre) presente: dizermos sempre às pessoas que são o nosso trevo de quatro folhas – o bom que é tê-las por perto, que são uma sorte e uma benção. Da mesma forma que devemos aceitar que as pessoas que “tiveram mais do que fazer”, são também importantes e fazem parte da nossa história, e nunca nos culparmos por termos confiado nelas, por termos acreditado que estariam lá para sempre – as relações humanas não são matemática e as probabilidades nem sempre funcionam.

Lembrarmo-nos sempre disto: o que a vida faz melhor é dar voltas. Coloca-nos no lugar certo, no tempo certo e rodeados das pessoas certas. Que não fiquemos presos em nenhum “jardim” pelo medo do que vem a seguir.

Os (verdadeiros) trevos de quatro folhas nascem e sobrevivem em qualquer campo fértil, aquele que se chama de “Coração Bonito”.

A todos os trevos de quatro folhas, obrigada.

Nota sobre mim

O meu nome é Rita Silva, sou formada em Psicologia das Organizações e trabalho em Recursos Humanos. Escrever é um dos meus hobbies preferidos, principalmente para e sobre pessoas que me são próximas. 

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