Três dias de descanso total

 

 

Rumo a Brotas, sem fazer ideia do que nos esperava, apesar de já termos andado lá perto noutras aventuras.

Levávamos três dias de folgas na mala e alojamento reservado há muito nas Casas de Romaria.

Uma igreja muito bonita e conhecida pela santa padroeira e pelos painéis de azulejos dá então o nome à rua.

Das poucas casas habitadas sem ser por turistas, destaca-se a da esquerda da fonte, onde, debaixo de um guarda-sol azul, se sentava uma velhota com os olhos postos num computador portátil, quem sabe se a ver novidades na internet ou a falar com os seus, neste mundo tecnológico.

Da água desta fonte reza que eram dados os banhos semanais às crianças da aldeia, outrora cheia, e agora serve para dar de beber ao gado sedento e a quem, como a nossa tia, tiver a coragem de beber do cortiço que está lá sempre de serventia.

E esta foi a nossa acolhedora habitação nestes três dias. A porta pequena a da entrada e a maior a da sala de jantar, que há-de ter sido em tempos loja ou garagem, igual que é o chão ao da rua empedrada.

 

Na sala convivíamos o pouco tempo que passávamos em casa e ficamos com a ideia de que, ao quentinho da lareira, no inverno passaríamos bem mais tempo neste espaço.

O andar de cima, forrado a madeira, por si só já acolhia com ternura.

Tínhamos três quartos e o nosso já se apresentava com o berço preparado para o piolho dormir descansado no seu próprio espaço.

A única preocupação à chegada, e que acabou por não se revelar necessária, foi as escadas! O piolho nunca ficava no andar de cima sem ser para dormir e as escadas descia-as ao colo sempre a querer mexer nas pinturas da parede que ficavam ao nível dos olhos na descida íngreme.

Três ou quatro portas ao lado, na rua em frente à que ficou para nós como a rua dos gatos, íamos todas as manhãs tomar o pequeno-almoço.

Delicioso, variado e caseiro. A Maria, anfitriã deste projeto, abria-nos as portas e servia-nos sem hora marcada.

Não saíamos sem a barriga cheia, de pão e doces, chá e café e sobretudo de boas conversas, genuínas gargalhadas e dicas práticas.

Para o piolho havia sempre um brinquedo, para que depois de ele comer, pudéssemos nós, comer descansados.

Daqui seguíamos caminho para a piscina! Espaço lindo e com muito bom gosto, que, depois de subir a ladeira que conduzia até ele, parecia ainda mais idílico.

A forma pouco usual das piscinas, a posição em que o sol incidia e a vista dali para a pequena aldeia faziam-nos sentir num qualquer filme antigo.

Num dos dias fomos até à Praia fluvial do Gameiro, indicada pela Maria, e presente no Guia das praias fluviais de Portugal da aquapolis. Espaço muito bem aproveitado, infraestruturas ótimas e paredes meias com o Fluviário de Mora. Não fosse a tonalidade verde da água, teríamos ficado. Valeu pelo passeio e quem sabe um dia voltemos!

Também não fomos ao Fluviário porque estes dias eram de sopas (alentejanas) e descanso, e portanto a decisão de voltar para as espreguiçadeiras da piscina foi rápida e unânime.

E se num dos dias imbuídos do espírito da natureza fomos ao mini mercado comprar comida para o jantar e o almoço do dia seguinte em modo piquenique, todas as outras refeições foram mais em modo preguiça (e delícia) de restaurante.

Comemos maravilhosamente no único restaurante da aldeia, O Poço. O atendimento iguala a qualidade da comida. A simpática, a disponibilidade e a atenção que não se sentem nos restaurantes da capital. Três vezes apenas que lá fomos e já quase nos sentíamos da casa.

Na última noite, em jeito de despedida e porque à 3ª feira O Poço está fechado para descanso, fomos ao afamado O Afonso, em Mora, e também não podíamos falar melhor. Sem tirar nem pôr, na comida e no atendimento, espetacular.

Volta curta e lenta na praça da Igreja de Mora e retornamos ao ninho provisório.

Vínhamos embora no dia seguinte com a sensação que ainda ficávamos, pelo menos, o resto da semana.

 

Nota sobre a autora

Chamo-me Carmo Carneiro e tenho 32 anos.

Sou Enfermeira há 9 anos e foi a profissão que me trouxe da minha Terra Natal, Amarante, para Lisboa.

Sempre gostei muito de escrever mas não segui a área das letras porque sempre tive inclinação para a área da saúde.

Comecei a escrever alguns textos no meu Instagram, principalmente depois de ser mãe, e o feedback que recebia dos amigos era muito positivo e fui ganhando cada vez mais gosto pela escrita. Consigo imaginar-me a fazer da escrita a minha vida!

Sou casada há 2 anos e mãe há 1 e a minha família é sem duvida a minha maior inspiração.

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