Tradutor e intérprete são a mesma coisa?

Um intérprete trabalha o significado da linguagem na forma oral enquanto um tradutor faz esse trabalho com a linguagem escrita. Portanto, simplisticamente falando, o que os distingue é o modo de expressão usado.

E, embora esta diferença seja suficiente para desencadear muitas outras, tanto um intérprete como um tradutor têm que ter um conhecimento profundo acerca das línguas com que trabalham, um entendimento significativo acerca do tema sobre o qual o discurso ou o texto se debruça e particular atenção na passagem de analogias, metáforas e expressões idiomáticas para a língua-alvo (target language) dado que, muitas vezes, não existe uma tradução direta.

Todavia, como previamente mencionado, existem algumas diferenças que perseveram, nomeadamente no que diz respeito às competências requeridas, ao processo desenvolvido e ao resultado obtido.

Competências-chave de um tradutor:

– Saber escrever bem e ter a capacidade de se expressar claramente na língua-alvo é a razão pela qual os tradutores trabalham principalmente de forma unidirecional, traduzindo da língua de origem para a sua língua nativa.

– Compreender a língua de origem assim como a respetiva cultura e com o suporte de bons dicionários e materiais de referência obter uma tradução precisa é outra condição sine qua non na consecução de uma boa tradução.

Competências-chave de um intérprete:  

Como um intérprete tem que ser capaz de traduzir no imediato e de forma bidirecional sem o apoio de qualquer dicionário, a compreensão necessária acerca da língua de origem e da cultura intrínseca é mais elevada do que no caso anterior. A este desafio acresce o facto de existirem dois tipos de interpretação – a simultânea e a consecutiva.

A interpretação simultânea pode ocorrer em conferências, na interpretação de discursos e no “sussurrar” ao ouvido de dignitários estrangeiros e convidados. Nesta situação, o intérprete só pode principiar a tradução após ter entendido a significância geral da frase. E, dependendo da localização do sujeito e do verbo na frase, o intérprete poderá não dizer uma única palavra até que tenha ouvido a frase na sua totalidade. Nestas circunstâncias, um intérprete tem que ser capaz de traduzir a frase na língua-alvo e ao mesmo tempo ouvir e assimilar a frase seguinte.

Relativamente à interpretação consecutiva, o orador pára a cada 1-5 minutos (geralmente no fim de cada “parágrafo” ou pensamento) e o intérprete aproveita esse intervalo de tempo para informar a audiência sobre o que foi dito. Neste caso, a capacidade de fazer anotações é fulcral dado que poucos intérpretes conseguem memorizar parágrafos consequentes sem deixarem para trás alguns pormenores.

 Dado o ritmo stressante associado a ambas as atividades, muitas vezes, os intérpretes trabalham em pares para evitar a fatiga. Portanto, saber trabalhar em equipa é uma mais-valia para este profissional.

Quem é mais preciso, um tradutor ou um intérprete?

Ainda que um intérprete tente ser o mais preciso possível, tal é uma tarefa árdua numa conversa que se desenrola ao vivo. Um tradutor, por sua vez, geralmente, tem tempo para avaliar e rever o texto antes de o entregar e por isso consegue atingir um maior nível de precisão.

Por conseguinte, de forma a superar as dificuldades impostas pela linguagem oral, designadamente, o tempo limitado para efetuar a tradução, a captação do tom, da inflexão e da qualidade da voz (ou seja, o tom característico que cada voz produz quando emite sons de fala), é dado aos intérpretes uma margem de licença criativa.

A arte de parafrasear

No fundo, a tradução tal como a interpretação resumem-se à arte de parafrasear. Estes dois trabalhos são mais do que substituir palavras numa língua por palavras noutra língua.

Pelo contrário, são essencialmente uma questão de compreensão do pensamento exprimido numa língua e na consequente explicação desse mesmo pensamento numa outra língua, fazendo uso dos recursos e das nuances culturais associadas à língua-alvo.

É por esta razão, que é fundamental o intérprete ou tradutor dominar o tema tratado na palavra oral ou escrita, pois não é possível explicar um pensamento, se não se perceber o conteúdo que o substancia.

Nota sobre a autora

O meu nome é Natália Correlo, tenho 23 anos e estou a começar a minha carreira enquanto Content Writer e Freelancer.

Escrevo porque tenho coisas para dizer. É simples mas é verdade. Afinal, um bom escritor é aquele que tem algo a dizer e uma maneira particular de o fazer.

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