Terminava Setembro

De Marraquexe a Agadir com amor

Terminava setembro. Um mês particular que soa sempre a renovação de promessas, de objetivos e de metas. Estava um calor abrasador. As cores eram novas. O rosa velho coloria todas as fachadas e os táxis amarelos ponteavam as estradas caóticas.

Nas ruas, os ruídos dos motores e de um amontoado de línguas: inglês, espanhol, francês, árabe! Os locais abordavam-nos com cumprimentos em todas estas línguas para ver qual nos causava impacto. O ímpeto era vender-nos um serviço a “good price”.

Estávamos ainda a absorver tudo isto, quando fomos invadidos pelos fortes cheiros de uma terra intensa em todos os sentidos!

Chegámos ao hotel. Inicialmente, o propósito seria ficar num Riad, mas cancelaram-nos a reserva uns dias antes; enviaram um e-mail que dava conta que este não reunia as condições necessárias para nos receber. Alugámos um conceito mais europeu. No entanto, com traços bem típicos! Azulejos e tapetes coloridos, onde o rendilhado cobre de imediato o olhar.

Pousadas as malas, estava na hora de partir à descoberta. Sabíamos os pontos que queríamos visitar. Imperava começar a marcá-los no mapa. Marraquexe tem uma espécie de divisão. A cidade velha e a cidade nova.

A cidade nova tem lojas e restaurantes que todos nós conhecemos. É lá que encontram o MC e lojas de roupa europeia. Toda esta zona da cidade é ponteada pelos traços típicos, as cores e os cheiros que não enganam: estamos em Marraquexe!

Marraquexe envolve-nos na sua confusão. Passamos a relaxar com a agitação das ruas, com os cheiros, com a sua envolvência. Surpreendeu-nos pela sua abertura. Estão focados em receber turistas e em rentabiliza-los. Todavia, esta massificação de turismo deixa a cidade mais aberta. A juventude já bebe outras influências, e isso sente-se ao virar da esquina.

Onde nos perder?

Na zona mais tradicional da cidade. Lá, vemos a construção original, onde as janelas não estão voltadas para o exterior, apenas para o interior. Os interiores têm os característicos jardins e terraços que marcam a zona de convívio.

Marraquexe é para se sentir e, por isso, as caminhadas fazem parte. Há que levar um par de ténis e a câmara fotográfica, porque cada canto tem o seu encanto. Ah, e a cada esquina há uma porta maravilhosa para fotografar.

A não perder:

– O jardim da Koutoubia é uma mesquita imponente que nos guia! Por ser o ponto mais alto, serve de referência à localização. Por ali há muitos turistas, muitos vendedores e muitos locais. Os jardins são maravilhosos. Muito verde, que contrasta com as cores neutras dos edifícios. Bem cuidados e bem tratados. Só enaltecem a cidade.

– Praça Jemaa-el fna. Estão a ver aquele momento de realização no cinema, onde alguém está parado, mas tudo à sua volta mexe a uma velocidade alucinante? É exatamente assim. Tão vibrante, tão intenso. Apreciar a confusão faz todo o sentido ali. Percam-se nos mercados e nos regateios. O pôr do sol na praça, visto de um rooftop, enquanto se janta uma tagine, é obrigatório.

– Jardin Majorelle, aquele oásis. Outra dimensão. Depois de uma longa caminhada, nada como sentir o verde, o cuidado e o bom gosto do jardim. Mergulhamos noutra dimensão; os catos são enormes e, os lagos de um azul pacificador de almas.

Segue-se mais uma viagem, desta vez dentro da cidade.

Viajar de Marraquexe para Agadir, é como que esventrar Marrocos. Há a hipótese de ir de avião que, para além de mais caro, acho que nos faz perder uma boa oportunidade: a paisagem! Uma terra árida e vermelha ponteada pelo verde das plantas, que sobrevivem estoicamente ao calor tórrido. No meio da paisagem saltam à vista os aldeamentos com construções típicas. Quase que fazemos uma introspeção sobre o significado da vida. Ao longo do percurso vemos muitos rostos isolados, sentados à sombra de uma árvore que olham o horizonte, com aquele ar de quem não tem pressa.

Cada palmo percorrido, mostra uma geografia única. Que nos transporta para a nossa pequenez.

Chegar a Agadir é sentir uma cidade costeira, como qualquer outra da Europa. Com pinceladas típicas. Esta modernização que se sente, vem da década de 60. Na década de 60, deu-se um terramoto que atirou a cidade ao chão. A intensidade do abalo foi apenas de 5,7 na escala de Richter, mas a cidade situa-se precisamente sobre a falha geológica e no epicentro do sismo. A maioria dos seus edifícios eram velhos e frágeis, a destruição foi quase total. Na Kasbah e nos bairros centrais de Yachech e Founti não ficou nada de pé. Mais de 15 mil pessoas morreram e muitas ficaram feridas e desalojadas. Foi o mais mortífero terramoto da história de Marrocos.

O mar é quente, a areia escura e o tempo delicioso. Cumpre os requisitos para banhos de sol e passeios à beira mar. Depois da agitação de Marraquexe, sabe muito bem e recomenda-se!

 

Nota sobra a autora

O meu nome é Inês Pina.  

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária. 

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