Sustentabilidade Emocional

Dizemos, em linguagem comum, que a sustentabilidade é o princípio que evidencia que a utilização dos recursos naturais para satisfação das necessidades presentes não pode colocar em causa a satisfação das necessidades futuras.

Talvez seja um princípio bastante complexo, pois coloca-se em causa a combinação de diversos fatores como a energia, o ambiente, a economia ou a saúde.

É conhecido que o termo sustentabilidade se desenhou na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em 1972, quando eu tinha apenas 3 anos de idade e já gostava de, talvez de mão dada pelos meus pais, me aproximar do mar.

O mar! Uma das mais belas formas que a natureza tem para se mostrar, mesmo quando se apresenta revoltado ou tenebroso. A praia, a sua maior aliada, além de permitir que ele seja tocado ou visto de perto, pode aumentar o desejo de se viver perto dela. Depois, quando se sente que esta dupla mágica já faz parte de cada canto do corpo, incluindo o coração, a natureza jamais se excluirá do longo caminho da felicidade.

Com apenas 3 anos, enquanto na Suécia se desenhava a sério a palavra sustentabilidade, talvez eu não conhecesse a palavra felicidade, mas já sabia que ela, fosse o que fosse, incluiria o mar. Também búzios em forma de cone que, quando colocados ao ouvido, faziam com que o maior curso de água se lamentasse pela forma como os homens o tratavam.

Confesso que já não coloco um búzio ao ouvido há muito tempo, apesar de continuar a amar o mar e a praia. Sei que esta dupla mágica sofre agora muito mais do que sofria há mais de quatro décadas atrás e que tudo isto coloca em causa a nossa felicidade. Mais ainda, também a felicidade de quem tem agora 3, 7 ou 12 anos e que, como eu, talvez goste de caminhar ou correr junto ao mar.

Continuamos a dizer que queremos combinar a economia e o ambiente, a energia e a saúde e dizemos ao mundo que nos preocupamos com a sustentabilidade.

E os lamentos do mar? Será que os vamos conseguir reconhecer, quando colocarmos ao ouvido um búzio feito de plástico?

Nota sobre o autor

José Rodrigues. De Viseu, com 49 anos, é Autor dos romances “O tempo nos teus olhos”, “Voltar a Ti” e “O rio de Esmeralda”.

Com formação superior na Área da Gestão e carreira como consultor e formador. Sócio fundador da Visar, onde desenvolve toda a sua actividade profissional. A família e os amigos, o karaté, a natação e o futebol veterano complementam o enorme gosto pela escrita.

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