Sucesso, onde começa?

 

Quando andava na escola primária, a minha professora costumava pedir para sublinharmos as palavras difíceis, sempre que líamos um texto na aula. Não faço a mínima ideia se a palavra sucesso terá ou não aparecido em algum texto ao longo daqueles preciosos quatro anos e também não consigo afirmar com segurança se a sublinharia ou não.

Muitos anos depois da escola primária, além de dar conta que o tempo voou depressa demais, dou também conta que a palavra sucesso é hoje uma daquelas que merece ser sublinhada ou até mesmo sombreada com uma daquelas canetas fluorescentes da moda. De facto, o sucesso é algo extremamente difícil de ser definido.

Será muito pouco dizer-se que ele é apenas uma consequência de alguma coisa pela qual lutámos e dizer-se que ele é o contrário do fracasso ou o resultado da persistência. Será também insuficiente dizer-se que o sucesso é apenas a base da confiança ou o resultado de um negócio bem-sucedido, reconhecimento ou recompensa material.

A palavra sucesso, além de difícil de ser explicada, será demasiado grande para conseguirmos definir onde começa e onde acaba, onde está e onde não está, quando faz parte da vida real ou apenas dos sonhos. Complica-se ainda mais quando todos vivemos e sonhamos de forma diferente, começamos de forma diferente e, sobretudo, damos importância a coisas diferentes.

Na verdade, sublinhamos a palavra sucesso da forma como muito bem entendermos e quisermos.

Da minha parte, a idade foi-me ensinando a sublinhá-la a todas as horas do dia, do mês, do ano. Não apenas porque me lembro da escola primária, mas porque enquanto vou tentando encontrar o seu significado, recebo telefonemas de pessoas de quem gosto e que me convidam para um café ou para almoçar ou jantar. Também porque o meu médico, depois de um exame, me vai dizendo que talvez não morra amanhã e isso vai-me permitindo sorrir mais algumas vezes, também por ver outros a sublinharem a mesma palavra exatamente à mesma hora, sorrindo também.

Hoje acordei, estava um sol maravilhoso e não me doía parte nenhuma do corpo. A meio da manhã bebi um café, comi uma nata e enquanto sublinhava a palavra sucesso fui-me lembrando de sublinhar também a palavra afeto.

Será que o sucesso começa no coração?

 

Nota sobre o autor

Chamo-me José Rodrigues, tenho 49 anos, casado e pai de dois filhos lindos. Sou consultor, formador e lidero uma empresa de consultoria que formei há 20 anos.

Adoro escrever. Talvez por servir para exorcizar todos os meus fantasmas. Talvez porque o meu mundo profissional, tremendamente ligado a números, faça com que muitos dos meus dias e noites se acalmem através da escrita. Tenho dois romances publicados e no mercado ( “O Rio de Esmeralda” e o “Voltar a Ti), mas antes deles escrevi um outro ( “Boas memórias de um mau estudante”) acerca do tema que mais me fascina e que me faz seguir atentamente o Elefante de Papel – a memória!

Todos os dias escrevo sobre quase tudo o que me vem à cabeça ou me preocupa.

Partilhe nas Redes Sociais
FacebookTwitterPinterest

Deixe uma resposta

* Campos obrigatórios