Sobre o Amor

Este texto é sobre Amor. O Benfica venceu, pela 37.ª vez, o Campeonato de futebol (masculino) e, mais uma vez, desde que me entendo por gente e sou do Benfica, fui feliz. Mas esta felicidade, este ano, foi ensombrada por um “pequeno” detalhe: quem me ensinou a ser do Benfica já não pôde testemunhar esta vitória. O meu pai faleceu no final do ano passado após levar um cancro a prolongamento, quando os médicos achavam que ele já nem chegava ao Natal – um pouco como os treinadores do Sporting, no fundo. Durante toda a doença, a única coisa que lhe dava realmente felicidade era o Benfica. Mudava as agendas, dele e da minha mãe, para poder ver os jogos do Benfica. A factura mensal do operador do serviço TV-NET-VOZ ascendia a valores proibitivos porque os jogos do Benfica espalhavam-se por mais canais do que a cidade de Veneza. Havia dias em que as dores eram insuportáveis mas, durante hora e meia, anestesiavam-se com gritos de “GOLO” e “TOMA LÁ, BEBÉ!”. Eu até dizia, em modo provocatório à minha mãe que o Benfica era a primeira mulher do meu pai. O meu tio, o irmão dele, fez questão de comprar uma bandeira do Benfica e pô-la no caixão dele, que o abraçou, como uma espécie de manta. E foi com ele, para onde quer que ele esteja.

Quando pensamos racionalmente, “são 22 pessoas a correr atrás de uma bola” – quantos de nós já não ouvimos esta frase? É verdade. Mas também… desde quando é que o amor é racional? É difícil de explicar a quem não gosta de futebol ou a quem não liga assim tanto, que fascínio é este por este desporto. Nem eu me vou pôr nessa “camisa-de-sete-varas”! Aliás, espremido, esta época devo ter visto, cerca de um jogo de futebol e nem foi seguido: dez minutos de um, quinze de outro, resumos dos golos de outro… Muitas vezes, só via os jogos do Benfica para fazer companhia ao meu pai, para ele não os ver sozinho. Foi assim, aliás, que comecei a gostar de futebol e a ser do Benfica: quando o meu irmão ainda era muito pequeno e não conseguia estar muito tempo a ver futebol, eu fazia companhia ao meu pai, para ele não sentir pena de não ter um filho que gostasse tanto de futebol e do Benfica como ele (hoje em dia, o meu irmão é tão ou mais Benfiquista que o Barbas, o Máximo e o Ricardo Araújo Pereira juntos!).

É difícil de explicar o amor. E, por isso, é difícil de explicar o encantamento que o futebol provoca. Porque, tal como o amor, quando nos dá alegrias, deixa-nos a rebentar de felicidade. Noutras alturas, deixa-nos tristes, mas mesmo assim, não largamos. Mas… hey! Não é isto o amor? O amor é assim, pelo menos para mim (obrigada, HMB!). É amor para a vida toda (obrigada, Carolina Deslandes!). Terrena e espiritual.

O Benfica ganhou o campeonato e eu fui festejar para o Marquês de Pombal. Não obstante de quase não ter visto jogos nenhuns – o circo que se monta à volta daquilo que é o verdadeiro espectáculo faz com que, muitas vezes, as pessoas percam o interesse e eu sou uma delas! – fui trajada de vermelho, ladeada por amigos que cumpriram a promessa de ir comigo para a rotunda do Marquês caso se concretizasse a conquista (apesar do cansaço!). Cantei, saltei, sorri! Estava feliz e o meu pai também.

Nota sobre a autora

Olá, o meu nome é Tatiana Mota e passei ao lado de uma grande carreira na TV e na rádio. Como podem, aliás, ver neste vídeo de 35 segundos que realizei para um passatempo, e onde se denota grande talento de atriz (cof… cof…).

Para além disso, e para não passar ao lado de uma grande carreira na escrita, tenho vindo a desenvolver esse skill não só em publicações de informação cultural, como a LeCool Lisboa, mas também na nouvelle plataforma Reveal Portugal , sem contar também que sou foodie na Zomato.

Se tenho Instagram e Facebook? Claro que sim: no Insta – como dizem os jovens – e na xafarica do Sr. Zuckerberg, estou como sou, sem maquilhagem, em Alta Definição.

Atualmente, não tenho blog – mas já tive – e influencer, só se for a influenciar os filhos das minhas amigas a serem do Benfica. Penso estar a fazer um bom trabalho nesse sentido ?

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3 comentários em “Sobre o Amor

  1. Sobrinha a vida por vezes tira nos o tapete….. O que não nos tira é o sentimento e o amor por quem nos inspirou, acarinhou, ensinou e amou incondicionalmente!!!!!! A tua escrita inspira e embala nos num misto de sentimentos, mas a vida é isso!!!!!! Continua….. Quem sabe um dia um best seller!!!!!!???

  2. MUITO BOM.
    Olha Tatiana não tenho , o prazer te conhecer, fizeste uma grande Homenagem ao Sr teu PAI, com filhos assim , todos nos ORGULHÁVAMOS, de ser lembrados.
    Um Beijinho

    Francisco Silva

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