“Sim!”

Há alguns anos, aquando do “sim” que transformaria a minha vida, a minha mãe contou-me que só me tinha ouvido dizer uma vez que queria casar. Devia ter os meus 5 anos. Desde aí, não mais manifestei esse desejo e, aliás, criei certezas de que não era esse o meu caminho.
Aos 5 anos o meu desejo prendia-se, com certeza, com um vestido bonito, com um dia de princesa e com uma mesa de guloseimas. Entretanto… Entretanto os anos voaram e a sucessão dos dias da vida chegaram para me dizer que casar com alguém tinha de ir muito para além de um vestido bonito ou de uma mesa de doces. Talvez por isso não tenha voltado a querer fazê-lo desde tenra idade.

A vida fez-me perceber que amar era algo que ia para além de tudo o que eu conhecia. E, se assim era, eu não queria casar. Talvez a minha independência aguçasse esse intuito. Ou talvez esse intuito aguçasse a minha independência. Sabia, apenas, que para casar teria de aprender o significado de amar. Amar com alma. Amar sem receios. Amar uma pessoa-casa. Uma pessoa-abrigo. Amar um abraço conhecido de anos que continuasse a ser o mais vivo, o mais sentido. Amar um beijo cujo olhar continuasse a ofuscar para além da passagem das luas ou das estações. Amar com saudade dia sim, dia sim – independentemente da presença ou da ausência de distância física. E… Repentinamente e sem que eu esperasse, a vida encarregou-se de me mostrar que, afinal, amar era ainda mais que tudo isto, sendo intransponível para palavras ditas!

Por isso… Hoje a minha definição de amar é a contagem decrescente das horas até ao momento do meu regresso a casa. É a certeza de que me espera um sorriso de luz, e de que me aninharei no seu peito até que o meu coração sinta o seu. É a certeza de que as nossas gargalhadas ecoarão de felicidade – como sempre. Hoje a minha definição de amar está a 37000 pés. E hoje… Hoje diria novamente “sim”. Hoje, sempre e para sempre.

Nota sobre a autora:

Corria a década de 80 quando Évora viu nascer a Tânia Caiado Amaral. Rebelde e franzina, de olhos azuis e caracóis loiros, a sua infância decorreu na aldeia de Brejoeira (Coruche). Cresceu rodeada pela natureza, fez viagens de bicicleta ao por do sol, saltou nas poças de água e guarda até hoje o cheiro a terra molhada da sua infância. Rumou a Lisboa com 18 anos para dar continuidade ao seu sonho de estudar. Hoje é enfermeira, especialista em pediatria, e é nas crianças que continua a depositar a esperança de um mundo onde a reine a alegria de ser livre. Apaixonada pela escrita e pela natureza. Autora de livros infantis. Apaixonada por pessoas: é nos seus filhos e no seu marido que encontra a sua maior fonte de amor e inspiração. Apaixonada pela vida.

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