Sem Pé(ni)s Nem Cabeça

Se pensa, porventura, que este é um tema só para homens, desengane-se, porque essa ideia não tem pé(ni)s nem cabeça!

DO QUE FALAMOS?

Disfunção erétil é a incapacidade persistente de o homem obter uma ereção que tenha rigidez suficiente para lhe permitir uma atividade sexual satisfatória. Ora, como se percebe, a própria definição já deixa adivinhar o forte impacto que esta situação clínica tem na qualidade de vida do homem e da sua parceira ou parceiro sexual, por isso, é fundamental que a percebamos.

NEM SÓ DE STRESS VIVE O HOMEM

Desde alterações neurológicas até variações anatómicas, passando por medicamentos ou transtornos hormonais, são múltiplas as possíveis causas da disfunção erétil. No entanto, é a componente psicológica (ansiedade e/ou depressão) que explica a maioria dos casos.

O que se calhar não sabe é que esta condição clínica pode ser a primeira manifestação de uma doença cardiovascular! Isso mesmo: as primeiras artérias a sinalizarem que algo não está bem podem mesmo ser as do pénis, uma vez que são periféricas e, por isso, têm menor dimensão, sendo mais facilmente afetadas pela deposição de gordura no seu interior. Indivíduos com obesidade, diabetes, mau colesterol elevado, hipertensão arterial ou hábitos tabágicos têm maior risco, no entanto, a disfunção também pode ocorrer em homens sem estes fatores identificados.

FAÇA MAIS POR SI

Muitas vezes, por receio ou vergonha de falar sobre este assunto, o homem acaba por protelar a conversa com um profissional de saúde habilitado para o ajudar. Mas não deve fazê-lo. Em primeiro lugar, porque é essencial que devolva à sua vida a qualidade que ela merece; depois, porque é importante que seja devidamente questionado e avaliado, de forma a que se perceba o real impacto e contexto desta condição.

O passo inicial desta avaliação cursa com uma tentativa de identificar possíveis fatores reversíveis que estejam na génese da disfunção. Após ser escrutinada a história clínica, se a causa for identificada, a abordagem terapêutica passa, claro, pelo tratamento desta. Uma outra vertente importante é a modificação de estilos de vida (alimentação, atividade física, cessação tabágica), de forma a diminuir alguns dos fatores de risco de que já lhe falei e que, por muito estranho que lhe pareça, aumentam comprovadamente a probabilidade de disfunção erétil.

Por fim, saiba que existem diversas possibilidades terapêuticas, sempre devidamente individualizadas, e que podem ajudar nestas situações: fármacos orais, tópicos ou injetáveis, cirurgia para colocação de implante peniano e/ou terapia sexual.

Combata o receio de falar sobre este assunto e, acima de tudo, a vergonha de pedir ajuda. Seja mais livre e, consequentemente, mais feliz, porque a felicidade é essencial para que estejamos de boa saúde.

Nota sobre o autor

Francisco Santos Coelho, 28 anos de idade. Entusiasta pelo trabalho com e para os outros, sou atualmente Médico a fazer a formação específica em Medicina Geral e Familiar – aquela que, para mim, representa o expoente máximo dessa interação e dedicação. Considero-me um “médico para lá da bata”, envolvido por vários complementos a esta arte que escolhi para a minha vida e que me enriquecem de forma inquestionável dentro e fora do seu exercício. Acredito verdadeira e entusiasticamente no lema da casa em que me formei e que defende que “um médico que só sabe Medicina nem Medicina sabe” (Letamendi).

Nascido, crescido e pré-graduado na cidade de Penafiel, foi dela que parti depois para todas as outras onde aprendi e vivi muitas experiências que tanto me acrescentaram. Tenho encontrado a certeza de que devemos ser e saber mais para o mundo, mas que só o conseguimos quando somos e sabemos mais sobre nós mesmos. É o maior desafio de todos. É o que procuro.

Ah! Porquê a escrita? Eu explico. Na Medicina, porque é uma forma ainda eficaz de esclarecer dúvidas, desfazer mitos e (in)formar efetivamente em saúde – e falo de saúde como um processo partilhado e participado de ambas as partes. Fora da Medicina, porque escrever é quase-eternizar, é acrescentar som ao silêncio, ainda que o silêncio, sabiamente, não deixe de se fazer ouvir.

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