“São só Elefantes…”

A cada 15 minutos, um elefante africano é morto ilegalmente. A cada dia, 100 elefantes africanos são mortos ilegalmente. E tudo isto, devido ao comércio legal de marfim em certos países, na Ásia.

O marfim sempre foi considerado um símbolo de riqueza. Inicialmente, na Europa e nos EUA, ultimamente, na Ásia, o maior mercado de marfim legal e ilegal no mundo. Devido à legalidade do comércio de marfim na China, e em outros países asiáticos, nos últimos 5 anos foram mortos ilegalmente cerca de 150 mil elefantes africanos.

O mercado do marfim esteve “morto” por muitos anos, devido à proibição global do comércio de marfim, que foi instaurada em 1989. Mas, após várias mudanças na regulamentação ao longo do tempo, certos países puderem começar a vender parte dos inventários que tinham, com o suposto objetivo de financiar as atividades de proteção dos elefantes africanos. Tudo piorou com o leilão de 2008, onde 102 toneladas de marfim foram vendidas. Acredita-se que esse leilão fez renascer o mercado de marfim, trazendo todos os problemas que enfrentamos hoje.

Até há bem pouco tempo, era legal comprar e vender marfim na China, onde é visto como um símbolo de riqueza, um pouco como o ouro e os diamantes no Ocidente. Mas, era apenas legal vender o marfim que o estado emitia todos os anos. A quantidade emitida era cerca de 5 toneladas de marfim por ano, o que, obviamente, não era suficiente, dado que a procura era maior. Ano após ano, mais pessoas tinham a capacidade de comprar marfim na China, por consequência do crescimento económico. A solução dos comerciantes foi começar a comprar marfim no mercado negro e vendê-lo nas suas lojas como marfim legal, uma vez que era impossível o comprador conseguir distinguir no momento da compra.

Ter um mercado legal para algo que é bastante ilegal no resto do mundo abre portas para o contrabando do produto. Imagine que a cocaína era legal na Europa, seria muito fácil contrabandear cocaína para a Europa e vendê-la como se fosse legal; o comprador não tem como distinguir e, provavelmente, não tem interesse em saber se é legal ou não.

Com o crescimento da procura do marfim em certos países asiáticos e com a oferta limitada de marfim nas lojas, não demorou muito para que os preços começassem a subir. E com a subida dos preços, mais pessoas, máfias, grupos terroristas e associações de crime organizado começaram a ter interesse na atividade da caça ilegal do elefante. Na verdade, é uma coisa relativamente fácil e com um alto retorno. Os preços já chegaram a $3.000 por Kg. Um elefante pode chegar a ter presas que pesam mais de 90 Kg. Uma atividade rentável, sem dúvida.

Tudo isto fez com que o tráfico de marfim se tornasse um negócio muito sério. Pessoas muito poderosas estão envolvidas e, com o enorme retorno do negócio têm sido capazes de controlar políticos e agentes de segurança, o que facilita ainda mais a atividade. O crime contra vidas selvagens tornou-se um dos maiores crimes organizados, a par do tráfico de droga.

Todas estas entidades criminosas e comerciantes de marfim partilham um mesmo desejo/objetivo, a extinção do elefante africano. Quanto menos elefantes existirem, mais os preços sobem. Quanto mais os preços sobem, mais pessoas querem matá-los. É um ciclo que irá causar exatamente o que eles querem: EXTINÇÃO.

Os que sofrem mais com tudo isto, obviamente, são os elefantes. O elefante não é apenas um elefante. São indivíduos com famílias e relações. Matar um elefante de uma manada, é muito mais do que eliminar um único animal. Estamos a destruir uma família e a pôr em causa a sobrevivência dos mais jovens. Os elefantes são liderados por uma mãe dominante, que decide o lugar para onde vão e o momento em que vão. Ao perderem esta figura materna, os jovens têm de tomar decisões sem uma memória histórica e sem qualquer conhecimento, o que se revela muito perigoso e ameaçador no mundo de hoje. Isto quando os próprios filhos não são mortos juntamente com o resto da manada.

Os elefantes não se conseguem proteger das organizações de crime organizado, que montam estratégias para os caçar. As armas de fogo irão sempre vencer os elefantes. Isto é mais complicado do que uma guerra. Na guerra, sabemos quem é o nosso inimigo. A parte mais complicada desta “guerra” é saber quem é o inimigo. Tudo é feito em segredo. Muito diferente de uma guerra convencional. Com toda a energia e os melhores recursos do mundo, não é possível vencer esta guerra. Não há meios suficientes para patrulhar todas as áreas necessárias. A solução está nas decisões políticas.

No início de 2018, a China proibiu a comercialização do marfim. É, sem dúvida, um passo importantíssimo para o fim da caça aos elefantes, mas não o suficiente. Não adianta ser proibida a venda na China, quando nos países próximos continua a ser legal. As pessoas residentes na China, apenas têm de se dirigir a Hong Kong, ao Vietname ou a outro país vizinho para comprar marfim. É certo que, devido à proibição na China, os preços baixaram de $2.100 para cerca de $700. Contudo, ainda não há estatísticas que provem a diminuição da caça ilegal. Por isso, não há motivos para baixar os braços, mas sim para continuar a lutar. A rejeição, por si mesma, não irá acabar com a caça ilegal. É importante que os vizinhos da China sigam o mesmo caminho e acabem com o mercado. Só assim conseguiremos garantir que o comércio ilegal não muda, simplesmente, para outro país e ofereça aos traficantes novos canais de comércio.

Perder os elefantes africanos é uma erosão mais lenta da humanidade. Existem outras espécies em risco de extinção, todas elas, direta e indiretamente, causadas pelo Homem e pela sua ganância. Se não agirmos brevemente, teremos um mundo vazio, repleto de pessoas, mas sem vida selvagem.

Em 1979, tínhamos aproximadamente, 1.3 milhões de elefantes africanos. Hoje, temos cerca de 400 mil. Daqui a 5 anos, teremos apenas 160 mil elefantes, se a taxa de mortes se mantiver. O destino dos elefantes africanos depende da rejeição global do comércio do marfim e a chave está na mão dos políticos. Mas, a ação e a vontade tem de partir de todos nós, não apenas dos políticos. Os elefantes precisam da nossa ajuda para sobreviver.

Vamos permitir que o maior mamífero terrestre desapareça?

 

Nota sobre o autor

O meu nome é Ignas Aucyna e tenho 18 anos. 

Desde muito cedo fui desenvolvendo interesse e competências no mundo dos negócios. Na escola primária, vendia cartas de pokémon, pulseiras, gomas, basicamente tudo o que os meus colegas queriam. Mais tarde comecei a importar produtos eletrónicos da China, e vendia na minha escola a preço de retalho. Aos 14 anos ouvi falar pela primeira vez sobre a Bolsa de Valores e então, decidi estudar, de forma autodidata, tudo o que conseguisse sobre a Bolsa e sobre os negócios, com o objetivo de me tornar o melhor do mundo na área dos negócios/investimentos. Cedo percebi que as empresas que combinam ambiente com negócios podem ser muito lucrativas, ao contrário do que muitos empreendedores pensam. Quando tinha 16 anos, comecei a fazer consultoria de investimento a um cliente que tinha cerca de 10.000 euros investidos na bolsa. Hoje, com 18 anos, dei o meu primeiro passo para ser o melhor do mundo; estou a desenvolver o meu “primeiro” projeto oficial.

A minha motivação para a escrita é educar as pessoas, tentando trazer temas que não estejam acessíveis às pessoas ou que, por alguma razão, não são muito falados. O meu objetivo é fazer com que as pessoas percebam a importância de investir e cuidar do ambiente; se puderem fazer os dois, ainda melhor. 

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