Reflexões

Prefácio

Atualmente solteira, casa própria, independente, vive sozinha, sem cão e estimulante sexual.

Imaginem um mundo em que não poderíamos sair de casa, estaríamos isolados e sofreríamos de um desconhecido sintoma: privação do toque. O toque serve para notar a presença de alguém, cumprimentar, chamar a atenção, confortar. O que seriam as relações sem toque? A única memória que me assalta é a ausência do toque e abraço do meu Pai. O melhor abraço do mundo e mais presente e vivido enquanto existia. O beijo quente na cabeça em sinal de respeito e admiração, de ambos. E depois desta quarentena sem prazo e validade de findar, o mais próximo que terei destas memórias, será a visita ao eterno descanso de todos nós, com o Toque dos botões de rosas amarelos preferidos do papá. 

Imaginem que o apogeu do dia seria bater palmas aos nossos heróis de guerra. Heróis estes que sem outra alternativa lutam por todos nós, pelas nossas famílias, pelos nossos amigos e pelos nossos desconhecidos. Ser desconhecido não significa que sintamos repulsa, desprezo, malícia, apatia… ou será que significa? o que todos nós temos assistido no mundo e principalmente no nosso País, é uma avassaladora vontade de matar o próximo. Praias cheias, esplanadas cheias, supermercados vazios… um contrassenso que é a reflexão de uma sociedade desprovida de respeito, de amor, de consciência e de noção. Se ao menos a noção se pudesse comprar no supermercado estaríamos todos providos para combater o que ainda nem começou. Uma crise económica e social sem precedentes. Um grande conflito de prioridades e escolhas que nenhum de nós se atreveria sequer a fazer. No amor e na guerra vale tudo… nunca esta frase fez tanto sentido.

Nota sobre a autora

O meu nome é Maria Branco, tenho 30 anos e não sou escritora. Apenas dos meus sentimentos, pensamentos e desabafos.

Partilhe nas Redes Sociais
FacebookTwitterPinterest

Deixe uma resposta

* Campos obrigatórios