Portugal tem duas línguas?

Esta questão é feita menos vezes quantas devia ser. Mas sim, Portugal tem duas línguas oficiais: para além da língua portuguesa, também existe a língua mirandesa.

A Língua Mirandesa ou o Mirandês é falado nas localidades do Concelho de Miranda do Douro, com exceção de duas, e em três aldeias do Concelho de Vimioso, ambos os Concelhos localizados no Nordeste Transmontano. A área ocupada pela região onde se fala esta língua tem cerca de 500 km2 de superfície e situa-se na fronteira com a província espanhola de Zamora (Aliste e Sayago).

Quanto à estrutura, é uma língua românica, que teve a sua principal origem a partir do latim. Historicamente, pertence à família de línguas astur-leonesas, onde também se incluem o asturiano e o leonês.

Têm sido distinguidas três variedades dentro do Mirandês: o mirandês do norte ou raiano, que é falado em várias aldeias junto à fronteira (raia seca) com Espanha; o mirandês do sul ou sendinês, que é falado na vila de Sendim; o mirandês central que é falado nas restantes aldeias e que foi adotado como padrão pela Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa.

Para além do ensino nas escolas do Concelho, a capacidade de gerar literatura em vários níveis e em diversos géneros tem sido seguramente um dos modos de afirmação da Língua Mirandesa.

A região da língua mirandesa, o Planalto Mirandês, tem uma cultura muito rica ao nível da música, da gastronomia, das tradições, da flora, da fauna, para não falar das paisagens sobre o rio Douro.

“A diversidade linguística e cultural da Língua Mirandesa é uma riqueza para Portugal, integrante da nossa identidade. (…) Pelo facto de falarem outra língua, os mirandeses não são menos portugueses que os outros, como o demonstra a sua história, nem nunca quiseram ser outra coisa senão portugueses. Hoje os mirandeses continuam a ser bilingues e a sua afirmação do mirandês não implica a negação do português. Defender, promover e desenvolver a língua mirandesa é um dever de cidadania que se impõe, nomeadamente a todos os mirandeses.” Amadeu Ferreira, defensor da Língua Mirandesa, 2010.

 

De uma bilingue com muito orgulho,

Mariana Xavier.

 

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