Pelo mundo, subúrbios.
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Subúrbios. Banco de tempo num hospício a céu aberto. Cárcere dos rejeitados ignóbeis onde é a virgindade pecado por ser impoluta de mais para aqui dormir. Que se desflorem as mulheres e os homens se despejem de bondade antes de aqui chegar. Não têm os homens quanto a isto muito que fazer por já terem eles nascido com isto feito. Parece fazer parte da condição de nascer. Ajudem eles as mulheres adesflorar-se. Acham eles que não têm elas que querer, por lhes ser esta a única função, por terem elesnascido pelo tropismo da perda de bondade, condição de nascença. As preces de infância não vão volver por ser a infância pura para aqui estar. A sujidade dos subúrbios impregna-se no corpo, na alma e nosolhos, por dar ela conta de um mundo oco. Atmosfera nauseada. Não cheira a morte, cheira a bafo decomposto. É isto o maior devaneio dos Homens: apartem-se aqueles que não nos agrada ao olhar, não váa nossa vista seletiva ferir-se por culpa dos infaustos diminutos, dos dementes e dos decepados! Aqui não cicatrizam as feridas, por lhes comerem as crostas. Não é ócio, é fome. Girassóis de um sol que é a morte. Fechamos os olhos, todos, durante o tempo que nosso é para que não o desperdicemos com isto dos outros. Pela cegueira do mundo cresce primeiro o medo. O repúdio. A noção de bênção. E pela noção de bênção não mais existe retrocesso. E o mundo gira a medo, repúdio e bênção e o tempo escasseia. E rebolam sobre a realidade as gerações, sem interpelações, que não há tempo! E constroem-se casulossobre casulos sem que daí resulte metamorfose alguma. Uns moldam, outros rebolam e o mundo gira! Alguém que tenha tempo para chorar o mundo. Subúrbios.
Nota sobre a autora
Nicolau Benjamim, pseudónimo de Gabriela Pacheco.
Gabriela tem 29 anos e é Gestora de Formação.
Nicolau é outra coisa, a melhor: é sonho, é palavras… na pele, na alma e no corpo. Escreve por inevitabilidade.
Escreve aqui:
@benjamimnicolau @gabriela_._pacheco
