O vazio de 2020

Todos sem exceção reclamam a 2020 o título de pior de todos. O carimbo de ano negro foi colocado!

No meu caso não diria negro.

Diria antes… vazio.

Em bom rigor não me faltou nada! Sim claro, cancelara-me as viagens. Sim claro, que tive de parar atividades, outras não consegui realizar…

Inconveniências, senhores! Meras inconveniências.

O que mais me incomodou neste malfadado ano foi o vazio que ele trouxe para a minha vida. Um lugar novo onde nunca tinha estado.

Tudo à minha volta estava lá, menos eu. Sentia-me vazia de propósito. Sem o meu ânimo característico.

Nunca fui de me arrastar pela vida.

Nunca!

Sempre fui de me lançar furiosamente na direção em que acreditava. Sempre segui o meu curso com a firme certeza que quando caísse me haveria de levantar. Bastava a minha força de vontade. A única coisa que reconhecia em mim. Foi precisamente isso que 2020 me levou. Senti-me amorfa, a vaguear pelos dias.

Falo de um lugar de privilégio. Não me faltou nada de essencial. Faltou-me a minha força, a minha energia… Isso foi o que mais me doeu. Não sou pelo adiar, pelo cancelar, ou pelo suspender… Sou pelo fazer, pelo aqui e agora, sou por datas e planos definidos.

2020 trouxe-me um vazio e isso dói-me!

Os dias sucediam-se a uma velocidade que eu não acompanhava. Não parei um único dia deste ano, para além do definido (férias e folgas). O meu trabalho desde 16 de março exigiu de mim presença de corpo e alma. Cresci imenso enquanto profissional, sucumbi enquanto pessoa.

É esse vazio que quero que se vá embora com 2020. Preciso da intensidade, da entrega e da alegria de viver preenchida, mesmo que com falhas, angustias e medos… Precisamos de viver sem o lado amorfo de 2020!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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2 comentários em “O vazio de 2020

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