O Tiago

Confesso que também eu andava intrigada com o rapaz. Comecei por segui-lo nas redes sociais sem dar grande importância à música: fazia-me rir muito com as fotografias e os textos que publicava. Muito bonito, cheio de pinta e sentido de humor, andrógino e desconcertante, mistura de puto do bairro com academia de letras, um tubo de ensaio de coisas novas e boas, era assim que o sentia. 

Depois ouvi “Amália” e a música não me largava. E seguiram-se todas as outras e as performances e as letras e tudo. Conan – o rapaz do futuro – Osíris, num desafio ao passado e à morte, continuava a inquietar-me. Estamos perante uma personagem?



Abracei-o no Iberostar Lisboa como se o conhecesse da vida toda. Foi, na verdade, muito estranho. E começámos logo a rir – um dos objectivos da vida do Tiago é esse mesmo. Rir muito. E fazer rir. 


Eu sabia pouco dele quando o entrevistei – ele poucas entrevistas tinha dado. Mas falámos sobre a infância, as mulheres que o criaram, a noção da morte pela perda de um pai toxicodependente, a norma a impor-se e ele sempre em fuga, os amigos como safe space de todas as violências da vida, a música que surge como forma de dizer coisas ao mundo – num processo quase transcendental que envolve muitas vezes aspiradores e secadores de cabelo.

Ele vai ao festival e eu não faço ideia do que lhe vai acontecer. Leva uma canção que fala sobre telemóveis e a vontade diária de os partir. Diz que o amor é um sítio estranho, uma falácia. 

Eu caí de amores por ele. 

Senhoras e senhores, Conan Osíris:

Fotografias: Joana Meneses.

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1 comentário em “O Tiago

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