O que vamos jantar amanhã?

Lá em casa, os pratos tinham sempre de ficar limpos, não importava o quanto se barafusta. Diziam-me que havia muitos meninos a querer comer o que eu tinha no prato.

A alimentação mundial tem vindo a evoluir e hoje, podemos falar em abundância. Abundância para a grande maioria porque há uma minoria que não tem abundância, antes, défice!  Enquanto uns se dão ao luxo de desperdiçar, outros ficam sem comer por dias.  Um dos maiores paradoxos da Humanidade! Contudo, esta realidade de abundância que muitos de nós conhecemos, pode estar a entrar em colapso!

A causa: as alterações climáticas!

Ora, climas diferentes geram diferentes culturas. Não é à toa que apenas determinados países sejam produtores de determinados alimentos. A especificidade territorial é essencial para as culturas que nos alimentam. No caso dos cereais, que representam cerca de 40% da dieta humana, a cada grau de aumento da temperatura as colheitas caem cerca de 10%.

Agora, o grande dilema é: se aquecermos, efetivamente, mais 5 graus com mais 50% de população mundial para alimentar, iremos conseguir produzir o suficiente?

As Nações Unidas calculam que o planeta vai precisar do dobro dos alimentos de hoje, já em 2050!  Isto, quando ainda hoje, se vive num mundo com fome. Estima-se que tenhamos 800 milhões de pessoas subnutridas!

Não é só contra o aumento das temperaturas que as colheitas terão de lutar, é também contra o aumento de novas pragas e novos fungos. Esta nova realidade poderá causar muitos danos ao que produzimos e trará a variável da incerteza quanto a colheitas.

Com a subida da temperatura podíamos deslocar a produção mais para norte e fazermos países como a Rússia e o Canadá como “celeiros do mundo” pois, à partida, poderiam vir a desenvolver a temperatura ótima. Ora, mesmo com a temperatura certa, teríamos o handicap da fertilidade dos solos. São precisos séculos para que os solos se tornem férteis. Hoje, já estamos a utilizar todos os solos férteis disponíveis para a produção de alimentos. Com o acréscimo que os solos estão a desaparecer, perdemos cerca de 75 mil milhões de toneladas anualmente.

Claro, que parece uma realidade distante. Em especial quando vemos prateleiras cheias nos  super e hipermercados. Todavia, já dizia Thomas Maltheus que o crescimento económico a longo prazo é impossível pois, a cada período de crescimento da história temos um Baby boom que consome e absorve todo o crescimento.

Por isso, é que hoje se fala na capacidade de carga: Quanta população pode um determinado ambiente suportar antes do seu colapso por uso excessivo?

Podemos ainda não ter os números desta equação. O que sabemos é que terras aráveis como o mediterrâneo poderão vir a transformar-se em desertos, num futuro bem mais próximo do que estávamos à espera. É esta timeline que nos sufoca! Precisamos rapidamente da tecnologia, mas esta não está a avançar à velocidade supersónica que desejávamos. Já temos o uso da técnica como a hidroponia (produção alimentar sem o uso de terra). Porém, de quanto tempo vamos precisar para aprimorar a técnica? Que género de alimentos vamos ter? Poderemos vir a ter o primeiro grande colapso de nutrientes (vitamina C, cálcio, ferro…)?

O que vamos comer amanhã, está hoje, à distância de uma prateleira de supermercado, as próximas gerações poderão não ter a mesma realidade.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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