O que realmente significa ser rico

“Eu sou maquilhadora há 20 anos e formadora de comunicação e serviço ao cliente há 12.
Entre muitos trabalhos, durante 7 anos fui Senior Artist numa equipa internacional de maquilhadores, e fui formadora da MAC Cosmetics em Portugal.
Durante muito tempo pedi ao universo que me desse a oportunidade de viajar e trabalhar com outros profissionais.
Trabalhei muito e consegui uma vida de sonho. Passava em média 50 dias em Lisboa e o resto do ano, andava a trabalhar pelo mundo fora. Paris, Milão, NY, Miami, Toronto e muitas outras cidades. Viagens pagas, hotéis de luxo, American Express com crédito ilimitado. Só trabalhava com a nata da nata de celebridades e maquilhadores mundialmente conhecidos.
Um dia, depois de muitos anos nesta rotina, e numa das muitas viagens, estava a caminho do aeroporto e o taxista lembrou-me da sorte que eu tinha em ir para Miami, ao que eu respondi – “O Sr. não sabe o que eu dava para estar em minha casa, em vez de fazer esta viagem”. A resposta surpreendeu tanto o taxista, quanto a mim, e foi nesse preciso momento que percebi que estava farta de ser “rica”. Foi no dia em que senti saudades do básico e do pouco, que decidi parar.”

O filósofo Erich Fromm previu uma sociedade obcecada com posses.
Ele acreditava que os seres humanos tinham duas orientações básicas: O TER e o SER.
Uma pessoa orientada para TER procura adquirir e possuir coisas, propriedades e até pessoas. Mas uma pessoa orientada para ser, concentra-se na experiência, vê significado em intercâmbios, em compromissos e na partilha com outras pessoas.
Infelizmente Fromm também previu que uma cultura motivada pelo mercantilismo, como aquela em que vivemos, está condenada à orientação para TER, o que leva à insatisfação e ao vazio do ser humano.
Por exemplo, em 1960 não existiam armazéns públicos nos EUA e agora existem 185 milhões de metros quadrados só para isso e em Portugal é um negócio em ascensão, visto que muitos espaços estão a ser transformados para armazenamento público e só não é um negócio maior porque os nossos prédios têm arrecadações. Estes números fazem-nos pensar que se calhar Fromm tinha razão.
Mas será a sociedade de agora a culpada por isso?
Vão existir sempre pessoas que acham que ser rico significa ter coisas, mas as coisas não têm de significar tudo, nem de não ter significado, as coisas são só uma forma de vivermos e apreciarmos a vida.
O ideal é o equilíbrio entre o TER e SER para não deixar que isso interfira com a nossa vida, valores e virtudes. Pensamos muito neste equilíbrio quando fazemos uma mudança de casa e percebemos a quantidade de coisas que temos que não nos fazem falta e mesmo que nos livremos de algumas coisas, rapidamente voltamos ao mesmo comportamento na casa nova.
Ir às compras é uma maneira de acalmar o stress ou subir a auto-estima.
Quando se começou a falar da crise, um estudo de mercado da VALS (empresa Americana de estatísticas para estratégias empresariais), deixou claro e sem margem para erro, que 55% da população mundial compra bens de luxo e que não são considerados essenciais – mesmo durante a crise – somente porque a compra em si, os/as faz sentir com poder.
Quando pensamos em riqueza, pensamos imediatamente em dinheiro, mas ser rico significa muito mais que isso.
O bom gosto não se compra numa loja de marca, a educação não se compra num colégio particular e o amor que temos por nós e que damos aos outros não se mede pela quantidade de coisas que temos ou pelos presentes que damos.

Quem nunca viu à sua volta, uma pessoa que encaixa na frase,
“PODEMOS SER MUITO RICOS COM POUCO E MUITO POBRES COM MUITO”
Existem pessoas que vestem marcas muito caras e nunca estão bem vestidas e existem outras que se podem vestir na loja mais barata e parecem sempre “Like a million dollar”, como dizem os americanos.
Imaginem-se… numa vida sem stress, sem tralha acumulada que compramos e nunca usamos, sem qualquer tipo de dívida grande ou pequena… sem descontentamento…
Uma vida com intenção. Uma vida que também pode envolver dinheiro, mas sem que este seja o mais importante.

No Tarot de Crowley, existe uma carta que se chama a carta da riqueza e abundância. Esta carta tem uma árvore desenhada com 10 moedas. A árvore simboliza a nossa pessoa e a nossa vida e as 10 moedas simbolizam as riquezas que precisamos ter para sermos “ricos”, completos e plenos.
A COROA – A moeda do topo da árvore, símbolo da nossa espiritualidade
A SABEDORIA – O lado direito do cérebro onde flui a criatividade e o mundo das ideias.
O ENTENDIMENTO – O lado esquerdo do cérebro onde funciona a razão, organizando o pensamento em algo concreto.
A MISERICÓRDIA – Representa a generosidade sem preconceitos, a extrema compaixão.
O JULGAMENTO – Representa o desejo de contenção e questionar impulsos. Representa a nossa capacidade de superar obstáculos e transformar a nossa própria natureza.
A BELEZA – A Sabedoria e o entendimento com a luz do conhecimento, transforma tudo em beleza.
A VITÓRIA – Representa a vontade de reciprocidade, a busca pelo próximo e a superação dos nossos limites
O ESPLENDOR – Representa o aprimoramento interno, a identificação com o próximo, sendo uma forma de aceitação do pensamento e de reconhecimento.
O FUNDAMENTO – Representa o Plano Astral, onde todas as inteligências e todos os atributos são misturados, equilibrados e preparados para o material.
O REINO – Representa o mundo físico, onde é revelado o material. O dinheiro. É o canal da manifestação, criando a sensação de falta.

E por aí? Diga-nos qual é a sua maior riqueza? E se tivesse de escolher o que deixaria em primeiro lugar para trás que não lhe faz falta?

From Daisy with Love

 

Nota sobre a autora

Sandra Almeida

47 anos

Maquilhadora & Formadora de Comunicação

A escrita começou por ser um exercício pessoal para conseguir sintetizar ideias e não dispersar nas minhas aulas e acabou por se tornar uma paixão. 

A comunicação mudou a minha perspectiva da vida e o meu crescimento pessoal e agora quero mudar a vida dos outros.

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