O poder da leitura

Desde agosto que o Brasil usa as redes sociais para gritar o #DefendaOLivro. A mobilização acontece na sequência da proposta do governo sobre a reforma tributária enviada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que, entre outras medidas, prevê a reposição da taxa de contribuição tributária de 12% nos livros. Há mais de 70 anos, desde a Constituição Federal de 1946, que os livros são isentos de impostos por causa de uma emenda constitucional apresentada pelo autor Jorge Amado. A CF de 1988 manteve a isenção como uma forma de incentivar a leitura e a educação.

Pode parecer uma medida pouco inócua, no fundo é mais uma taxa, mais um imposto. Impostos e taxas são algo a que estamos todos habituados…, Porém, pode ser o início de uma medida bem mais perigosa e por isso importa estarmos atentos.

O acesso aos livros permite que conheçamos novos mundos, novas realidades, com a vantagem de que facilmente nos conseguimos colocar no lugar do protagonista. Como eu agiria nesta ou naquela situação!

Os livros não nos dão as imagens prontas como a televisão ou o cinema. O livro conta-nos uma história na qual mergulhamos e damos asas à nossa imaginação. Essa é a magia do livro dar-nos espaços para viver aquela história com base na nossa estética, com base nas nossas representações. Quando abrimos uma história podemos sempre projetarmo-nos, nela somos os protagonistas, sem os preconceitos e os julgamentos da vida de todos os dias. Com o livro podemos criar o novo, questionar o presente, o passado e o futuro. Podemos viajar, divagar, chorar, amar ou odiar…podemos conhecermo-nos e conhecer os outros.

O livro é uma arma poderosa, é o livro que dissemina a cultura de igual forma, sem olhar a cor, estatuto social ou a escolaridade…um livro aberto, permite uma sociedade aberta.

Boicotar o acesso ao livro é fechar uma sociedade. Dificultar-lhe o acesso é colocar mais uma barreira, mais um obstáculo a quem já tem milhares para ultrapassar todos os dias.

Sempre que colocamos barreiras no acesso à cultura colocamos mais um degrau para se subir e isso não é inócuo. Isso é uma tentativa de afastar dos meandros da discussão pública uma faixa grande da população que apenas vais depender de discursos prontos e de imagens prontas para puder tomar uma decisão.

A leitura é uma das maiores armas da sociedade, que nunca se dificulte o acesso à mesma.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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