O desafio ecológico e os nacionalismos!

Estávamos em fevereiro e escrevia-vos com um sol a acariciar-me a cara com uns saborosos 18 graus, o que é uma delícia. Dizem os entendidos que “fevereiro quente traz o diabo no ventre”. Porém, eu acho que o quentinho de fevereiro nos trouxe, de facto, uma batata quente que temos todos entre mãos. Sim, todos.

Estamos sempre com receio da próxima guerra mundial, que se teme nuclear. Contudo, temos perante nós um desfio muito maior do que evitar uma guerra nuclear. Estamos perante um colapso ecológico.

Estamos a desestabilizar a biosfera global. Extraímos cada vez mais recursos e simultaneamente enchemos o planeta de lixo. Alteramos a composição dos solos, da água e da atmosfera e nem nos damos de conta o quão estamos a prejudicar o delicado equilíbrio ecológico. Vejamos, estamos a usar fósforo como fertilizante, que é um excelente nutriente. A questão é que, quando usado em excesso, torna-se tóxico. Em resumo, a nossa agricultura está a envenenar os nossos rios, lagos e oceanos, o que por sua vez, arruína a vida marinha. Em bom rigor, quem cultiva milho no Lowa está a matar peixes no Golfo do México.

Seremos a geração que vai fazer desaparecer a Grande Barreira Coral da Austrália e a floresta Amazónica. Podemos mesmo estar a destruir os alicerces da vida Humana.

Muitos dirão que a Humanidade já passou por eras glaciares ou por eras de aquecimento. Porém, o mundo com a agricultura organizada e com sociedades complexas só existe há 10 mil anos. Diz-se que vivemos no Holeceno. Ora, isto significa que qualquer desvio vai obrigar-nos a grandes ajustes, nunca antes enfrentados.

Parte II

Ao contrário de muitas outras ameaças, esta é uma ameaça presente e que já começou a entranhar-se no nosso quotidiano.

Se hoje reduzíssemos as emissões de CO2 a zero já não impedíamos a subida de dois graus centígrados na temperatura mundial. Sim, estes “míseros” dois graus vão conduzir à expansão dos desertos, ao desaparecimento das calotas polares, subida do nível do mar e ao aumento de fenómenos extremados. Sim, tudo isto vai interferir na nossa produção agrícola e vai tornar muitas zonas inabitáveis, o que leva a milhões de refugiados. A realidade de 2018 mostrou-nos que, em vezes de reduzirmos as emissões, acabámos por aumentá-las.

Precisamos de fazer o desmame, o mais rápido possível, dos combustíveis fósseis. Nos últimos 150 anos, o grande motor dos avanços tecnológicos foram os combustíveis fósseis.

A questão que se impõe é que este desmame não condiz com os nacionalismos.

A acção tem de ser global. Nas questões de clima não pode haver soberania. Uma ilha do Pacífico pode reduzir as suas emissões a zero e ainda assim ficar submersa. O nacionalismo isolacionista é perigoso no contexto das alterações climáticas.

O aquecimento global vai atingir países de forma distinta. A Rússia, por exemplo, está pouco preocupada com a subida do nível do mar. Aliás, pode inclusive, beneficiar com estas alterações. O Chade tornando-se um deserto árido torna a Sibéria num celeiro mundial. Já a China, o Japão, e a Coreia dos Sul, que são superdependentes da importação de petróleo e gás, o investimento em energia renováveis será o caminho a seguir para se livrarem da elevada fatura dos combustíveis. Por seu turno, a Rússia, o Iraque e a Arábia Saudita, que são produtores e exportadores de petróleo e gás, irão boicotar todo o desmame de combustíveis. Pois, as suas economias no imediato colapsaram, e nenhum governante quer ter esse ónus na sua governação.

O grande foco aqui, é que se cada um continuar a puxara para seu lado, nunca vamos conseguir resolver esta questão. As alterações climáticas parecem uma ameaça distantes e vaga, o que faz com que os nacionalistas deem prioridade aos interesses nacionais, alegando que podem pensar no meio ambiente mais tarde.

Há quem finja sequer que não existe. Mas existe, está aí, e precisamos de agir o mais rápido possível. É aqui que temos de mostrar que estamos todos a defender algo que é de todos. Quando digo todos, somos os quase 7 biliões. Temos de nos informar, mudar hábitos, e acima de tudo, pressionar quem nos governa.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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1 comentário em “O desafio ecológico e os nacionalismos!

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