O Beijo
Publicado a na categoria Memória de Elefante
Passados tantos anos, ela continuava a sentir saudades Do Beijo.
O Beijo entrara-lhe no corpo com a precisão de uma arma afiada e a doçura de uma mousse.
Tinha sido um único beijo, O Beijo.
Ela de pé, encostada à paragem do autocarro. Ele a aproximar-se lentamente, porque há momentos em que a vida teima em imitar o cinema e aquele foi um momento desses.
Parece que chovia e que estava muito trânsito.
Parece que, na paragem, as pessoas se acotovelavam por um lugar debaixo do tecto de vidro. Parece que o barulho das buzinas era ensurdecedor e que até uma ambulância passou por ali.
Ela só se lembra d’O Beijo porque foi perfeito.
Terá durado três segundos no corpo e o resto da vida na memória.
in “Deve Ser Isto O Amor”
Rita Ferro Rodrigues