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– Não me oponho a todas as guerras. Oponho-me às guerras estúpidas. Disse-o o meu caro Obama, não foi assim? Perdoe-me senão foram estas as exatas palavras. Sabe, não lhe entendo o sentido.
– Estás a ver como somos parecidos, Fernando! Lá entendo o sentido das tuas palavras!
– Olhe que devia! Não me vai agora dizer que estamos quites. Isso já não é dizer para as nossas idades. Meu caro, veja bem… disse que a voz do Homem pode mudar o mundo e depois usou a sua para dizer um disparate destes?
– Levaste uma vida a dizê-los…
– Quanto muito a escrevê-los! Sou da escrita, da oratória é o meu caro. Talvez
tenha sido por isto, agora que o penso…
– Tenha sido pelo quê?
– Pela ausência de voz.
– Lá vem disparate.
– Um disparate foi o seu Nobel! Gargalhou Obama, sorriso largo,divertido.
– Isso é ressentimento ou falta de ópio?
– Está a ser desagradável.
– Tens de te rir mais Fernando! O que tem a voz?
– Escrevi, não mudei nada neste mundo. Não é a voz que muda?
– Não leves tudo à letra. Sabes que são as palavras insuficientes.
– É uma bonita frase para se dizer, liberta-nos a nós de responsabilidade tal como gosta o Homem. Tantas são as palavras, escolher as oportunas é um dom! É o Homem que é insuficiente para as palavras! O meu caro, os seus disparates e o Nobel!
– Tudo fiz para que…
– Olhe que daqui do lado dos mortos tudo se vê.
– O que viste?
– Uma intenção, uma esperança.
– Obrigado!
– Não agradeça. Foi só Nobel. A Paz não se deu.
– Nunca se dará.
– Sorrimos para enganar o povo?
– Enquanto sorriem, odeiam menos. Podemos falar de política!
– Nem em vida fui eu sobre isso claro… não será agora, depois de morto, que lhe
vou escarrapachar os meus pensamentos.
– Desassossegado!

 

Nota sobre o autor

Nicolau Benjamim, pseudónimo de Gabriela Pacheco.

Gabriela tem 29 anos e é Gestora de Formação.

Nicolau é outra coisa, a melhor: é sonho, é palavras… na pele, na alma e no corpo. Escreve por inevitabilidade.

Escreve aqui:

@benjamimnicolau @gabriela_._pacheco

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