Na casa da avó sou feliz

Consigo ver o caminho que nem sempre é lúcido e ganho as forças que preciso para que o olhar seja sempre em frente.
Há quem o sinta em diversos locais e com diferentes pessoas, eu sinto ali. A paz de toda uma vida. A que preciso. A que acalma as dores e me levanta dos momentos baixos.
Não sei quem inventou o amor, mas ser-lhe-ei eternamente grata. Por me preencher. Por me deixar viver, por fazer de mim a orgulhosa que sou dos amores que tenho comigo.
O verde do campo traz-me saudades. Traz-me ou realçam-nas. É mais isso. Mas eu sou feliz mesmo assim.
São saudades porque foi, e continua, a ser amor. Em qualquer parte do mundo.
(Pudesse eu dizer-lhe um “amo-te” ao ouvido…)
O verde devolve-me memórias, provoca-me gargalhadas e traz-me o lado bonito da vida.
Na casa da avó sou feliz.
Sentada debaixo da figueira, caem-me lágrimas de gratidão. Por ter tido o privilégio de rir sem julgamentos, de cair sem vergonhas e de me levantar sempre acompanhada.
Não sei ser mais feliz do que aquilo que me fizeram ser um dia. Não sei ser mais eu do que aquilo que me deixaram ser.
Por mais anos que viva não tenho nem terei tempo suficiente para tanto agradecimento que tinha a fazer-lhes. Faço-o como sei e como posso, todos os dias. Distante de um abraço, mas perto do outro.
O cheiro da natureza faz-me sentir a calçar as galochas e a ir correr ter com quem já não tenho. A colher uvas com quem já só me guarda de longe. A olhar para o céu com metade da força que me ensinaram a ter.
Não sei se o céu existe, mas se existe então ali é o meu.
A casa da avó guarda segredos, abriga fragilidades, tira medos.
O café sabe a café, a regueifa sabe sempre melhor e o amor aqui é mesmo amor.
Podia escrever tanto. Podia escrever palavras infindáveis, textos sem limites que ficaria sempre aquém do que sinto. Ou pelo menos do que tinha a agradecer.
Mas não posso.
Vou apanhar os figos que prometi vir apanhar. O tempo passa depressa demais para não aproveitar o que de melhor a vida me deu. O abraço da avó.
Amanhã, eu prometo escrever. Hoje, não.
Hoje eu tenho gargalhadas para partilhar e um colo para me amparar.
Até porque,
Na casa da avó sou feliz. 

Nota sobre a autora:

O meu nome é Daniela, tenho 26 anos e criei uma página tanto de Instagram como de Facebook onde escrevo parte do que vivencio ou por e simplesmente acho que deva ser traduzido em palavras.

Estou a tentar faze-las crescer. E por isso deixo aqui um bocadinho delas e de mim.

 

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