Millennials – São assim tão inúteis?
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A maioria das pessoas já ouviu a palavra Millennial ou leu sobre esta geração – até porque é a geração mais falada até aos dias de hoje.
De certeza que estão Millennials a ler este texto, ou um pai de um Millennial, um patrão ou um professor de um Millennial. E também de certeza a maioria têm uma impressão negativa e pouco aconselhável de se dizer em voz alta.
Nasceram entre 1980-1996, os mais velhos têm 39 anos e os mais novos 23 e acham que o Instagram é um país e que antes da família Kardashian não havia maquilhagem.
Os Millennials são o papão dos tempos modernos – “Se não comeres a sopa toda, ficas como o teu irmão Millennial, é isso que queres para a tua vida?”
Esta geração já foi rotulada de geração Peter Pan, Narcisista e geração Me.
Eu chamo-lhes “Os filhos de todos nós”, porque são responsabilidade de todos e tal como em qualquer outra geração, os Millennials sofrem as consequências da geração anterior.
São filhos, na sua maioria, dos Baby Boomers e moram na casa dos pais em média até aos 35 anos porque viram a geração anterior a sacrificar tempo de família e qualidade de vida para ter uma casa paga, no menos tempo possível.
Os millennials ganham dinheiro para viajar e comprar bens que não são considerados essenciais, porque viram a geração anterior a não conhecer mundo.
Saltam de emprego para emprego e querem ser promovidos 3 meses depois de serem contratados e querem reconhecimento imediato e troféus pelas conquistas, porque viram a geração anterior ser fiel a empresas durante anos sem questionarem ordens, sem promoção e crescimento profissional ou sem estarem numa profissão com satisfação pessoal.
Eu sei que está a pensar: “No meu tempo ninguém me deu troféus”. É verdade, mas será que foi justo? Quem é que está mal, nós que vestimos a camisola sem reconhecimento e sem reclamar, ou os Millennials que pedem e têm a coragem de exigir o que é deles por direito?
Será que é justo ter colegas a serem promovidos só porque são mais antigos que nós nas empresas?
Pois eu não sou Millennial e quando comecei a trabalhar nunca concordei com a frase “Antiguidade é um posto”.
Um estudo feito em 2012 pela PwC, mostra que em 2020 os Millennials vão ser 50% dos trabalhadores ativos e em 2025 são 75% da força de trabalho. O estudo também concluiu que o troféu #1 que os Millennials pretendem num emprego é crescimento pessoal e aprendizagem, por isso precisamos unir esforços e fazer com que esta interação de gerações resulte, por isso cabe a todos nós liderar e acompanhar, sem intransigências, mas com regras, sem humilhar mas com formação.
O segredo é explicar os porquês em vez de impor uma ordem.
Feedback é assencial para os Millennials.
Esta geração é narcisista, mas aqui existe um contra-censo, porque por um lado temos a geração anterior a reclamar da falta de responsabilidade dos Millennials e a mesma geração a proteger os filhos em demasia para que eles não passem as mesmas dificuldades.
Afirmam constantemente que eles são os melhores em tudo e que vão conseguir tudo o que quiserem da vida e por isso os Millennials crescem com a sensação de que o mundo gira à volta deles.
A maioria dos Millennials – protegidos demais – cresceram sem perceber que a vida e as nossas acções erradas têm consequências.
Vivem, comem e dormem agarrados aos telemóveis, mas com tanto avanço tecnológico era impossível não acontecer.
No meu tempo não havia telemóvel, mas assim que chegou uma televisão, lá a casa não se fazia mais nada e os Jogos sem Fronteiras eram um acontecimento e tal não era o entusiasmo, que dava direito a comprar Viennetta nessa noite.
E digam lá se o telemóvel e os tablets não vieram salvar as noites em que chegamos exaustos a casa e o brunch de Domingo, quando eles estão sossegados.
NOTA: Para os Millennials que estão a ler, Viennetta é um gelado e os Jogos sem Fronteiras eram a mesma coisa que estrear uma nova temporada da Game of Thrones.
Resta-me agradecer aos Millennials que me fazem aprender uma coisa nova todos os dias, agradecer pelo Facebook, porque encontrei muitos colegas e amigos de infância, agradecer o YouTube que me permite partilhar com todos o que aprendi, agradecer o FaceTime porque me deixa ver e falar com a minha irmã que está longe para matar saudades e agradecer a rapidez com que os meus alunos Millennials me sair da minha zona de conforto, quebrar rotinas, fazer mais e melhor.
Deixo um desafio aos leitores de nos dizerem de que década acham ser a seguinte frase:
“I see no hope for the future of our people, if they are dependent on trivolous youth of today”
Daremos a resposta em breve!
Nota sobre a autora
Sandra Almeida
47 anos
Maquilhadora & Formadora de Comunicação
A escrita começou por ser um exercício pessoal para conseguir sintetizar ideias e não dispersar nas minhas aulas e acabou por se tornar uma paixão.
A comunicação mudou a minha perspectiva da vida e o meu crescimento pessoal e agora quero mudar a vida dos outros.
Brilhante!! ?
Bebo cada palavra que escreves?