Mãe

Vivo com uma alma do bem e sou muito grata por isso. A minha mãe está na linha da frente desta tempestade em que vivemos. Mas isto para ela é só mais uma batalha no meio de tantas que já viveu.

Todos os dias sai de casa, muitas vezes, antes do sol nascer. A minha mãe cuida das pessoas mais importantes, das mais frágeis, os idosos. Desde os bons dias ao banho, aos almoços e aos conselhos, às barbas e às vaidades, os agasalhos e as preocupações. Muitos são os velhinhos que ela cuida e que têm a sorte de serem tratados com o mesmo amor que ela me dá todos os dias.

A minha mãe tem 46 anos. É um metro e meio de gente com 48 quilos e é dona do maior coração do mundo.

A caminho do trabalho a minha mãe pode ver o mar, há quem não possa ver o mar neste isolamento… Mas valeria a pena o risco?

Tenho a certeza que a minha mãe preferia não sair para ver o mar e saber que estávamos seguras. Mas tenho ainda mais a certeza de que a minha mãe não deixaria os seus utentes sozinhos quando eles mais precisam.

Quanto mais difícil é o problema mais importante é saber quem está sempre ao nosso lado. A minha mãe nunca falhou.

Ela usa luvas, máscara e toma todas as precauções do mundo porque eu sou asmática. Há quem diga que não deveríamos estar juntas nesta altura… Ainda está para nascer o vírus que me vai fazer afastar da melhor pessoa que tenho na vida. Estarei sempre ao teu lado, na saúde e na doença e o resto ela já sabe.

Para a minha mãe e para todos os assistentes de saúde quero um grande obrigado.

Inês F. Lopes

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