Madeira (parte 2): A viagem

Curvas, subidas e túneis. Acho que são as primeiras palavras que me vêm à cabeça para descrever a Madeira. Pelo menos as estradas da Madeira. Estive na ilha a fazer voluntariado durante cinco dias, mas decidi ficar por lá mais alguns dias para ter a oportunidade de visitar tudo o que conseguisse. Apaixonei-me quase imediatamente pela Madeira. Na verdade, também não foi nada difícil. Ao aterrar, ainda no ar, já conseguíamos ver as bonitas paisagens que nos esperavam e que iam ficar desgastadas de tantas fotografias iriamos tiradas (e a nós também). A aterragem na Madeira foi pacífica, ao contrário do que acontece normalmente, e, por isso, muitas foram as pessoas que nos disseram que perdemos o primeiro ritual da Madeira. Mas não faz mal, aproveitámos outros e este eu dispensava. A primeira coisa que procurámos, ainda no aeroporto, foi o busto do Cristiano Ronaldo. Ao lado dele, tirámos a primeira fotografia na ilha. As pessoas sorriam para nós e nós sorriamos para elas enquanto todos fazíamos o mesmo. Depois de uma viagem de aerobus de aproximadamente 50 minutos chegámos à casa onde iríamos ficar hospedadas na zona balnear do Lido. Toda a ilha é bastante turística e aquela zona não era exceção definitivamente. Ruas e ruas com restaurantes típicos e sem ser típicos, lojas de recordações e hotéis, muitos hotéis. À noite dá-se por lá um agradável passeio a comer um gelado e a ouvir o mar. Sempre gostei de luzes e de movimento, por isso gostei daquela zona. Sendo uma zona balnear, claro que não pudemos ignorar a praia, à qual fomos logo no primeiro dia. Ainda por cima, tínhamos a vantagem de estar pertíssimo de casa. Custava mais voltar do que ir graças a uma subida íngreme, algo a que tivemos de nos habituar na Madeira.

 No dia seguinte, passeámos pela costa oeste. Começámos pelo miradouro do Cabo Girão. A vista era linda e ganhava com o chão de vidro que permitia que o olhar atingisse um alcance mais alargado e proporcionava uma perspetiva diferente. Não tivemos a maior das sortes com o clima, estavam algumas nuvens que cortavam a paisagem. De qualquer forma, a beleza da vista não se deixava esconder. Continuámos para a Ponta do Sol, a Calheta, a Cascata do Véu da Noiva. Esta cascata é qualquer coisa de especial. É uma cascata que se desenvolveu no meio da estrada e que, quando passamos de carro por ela, podemos aproveitar para o lavar. É um bom sítio para tirar fotografias, mas com cuidado com os carros. Passámos pelo Paúl da Serra até chegarmos ao Rabaçal. Durante todo o caminho, as paisagens eram de cortar a respiração. À frente, atrás ou ao lado, víamos verdes montes por toda a parte. Para quem vem de uma cidade onde a natureza não é tão abundante ou se apresenta mais modificada, vê-la no seu estado mais cru e puro, é, de facto, uma dádiva. Como não podia deixar de ser, parámos para tirar um milhão de fotografias. Ao almoço comemos sandes e batatas fritas, mas a localização valeu por uma refeição de luxo. Almoçámos sentadas em círculo na Lagoa do Fanal. Éramos só nós e os animais que nos faziam companhia. Depois do almoço admirámos aquelas vacas e tentávamos aproximarmo-nos deles para estabelecer qualquer relação. A vida animal estava mesmo ali ao lado da vida humana e convivíamos em perfeita harmonia. Seguimos para Porto Moniz onde tomámos um magnífico banho nas piscinas naturais. A água na Madeira é bem mais quente do que no continente. Na minha opinião, só peca por ter tantas rochas e pedras por todo o lado, mas se fosse de outra maneira não tinha tanto encanto. Acabámos o nosso dia em Câmara de Lobos a beber uma poncha. A nossa primeira poncha. Não foi a melhor experiência. Não desgostámos do sabor, mas para ser a primeira, aquela estava demasiado forte para as raparigas do continente. Mais tarde experimentámos a niquita, que nos caiu muito melhor pela sua frescura e sabor doce.

Nos restantes dias tivemos a oportunidade de visitar a zona velha do Funchal. É um passeio que vale a pena dar. As ruas abarrotam de restaurantes e pequenas lojas, mas a beleza delas reside nas magníficas portas pintadas. Cada porta tem uma pintura diferente, desde várias cores, até sereias e outros seres. Parecem mágicas, dando-nos acesso a um mundo novo se nos atrevermos a abri-la. Depois da niquita, demos um mergulho e vimos o pôr-do-sol na praia. Nos dias que nos restavam visitámos o Curral das Freiras, variados miradouros como o do Cristo Rei ou o da Eira do Serrado. Há várias atividades que devem ser feitas na Madeira, para mim, duas delas são as levadas e uma visita ao Pico Ruivo ou ao Pico do Areeiro. Só fiz o caminho do Pico do Areeiro. O caminho é longo e cansativo, apesar de a vista ser deslumbrante desde a base até ao topo. São muitos degraus e o caminho é praticamente todo a subir. Apesar disso, vale tanto, mas tanto a pena. É uma prova que as coisas mais difíceis na vida podem ser as mais bonitas. Esta subida permite-nos ficar acima das nuvens. É uma sensação incomparável de conquista, como se estivéssemos no topo do mundo. Depois, as levadas. As levadas são canais de irrigação de água utilizados antigamente para levar água aos campos. Foram construídos caminhos pedestres que acompanham todo o percurso desses canais. Fizemos duas levadas. A primeira não foi grande escolha. Decidimos escolher uma mais fácil para primeira tentativa, mas a meio do caminho ficámos sem ele. Não havia por onde continuar por isso voltámos para trás. Concluímos que não devia ser uma levada muito caminhada. A segunda foi melhor. Foi curta, mas o caminho era muito mais bonito. A levada dos Balcões tem um miradouro no final. Foi uma experiência positiva à parte da chuva torrencial que se lembrou de nos encharcar no caminho de regresso. Apesar de a minha experiência com as levadas não ter sido a melhor e termos cedido à falta de tempo e ao fator proximidade, foi-nos vivamente aconselhada a levada do Caldeirão Verde e a levada das 25 Fontes. Visitámos o Mercado dos Lavradores. É um mercado cheio de cores e vida onde nos deixam provar as frutas e ver as flores que não conhecemos e que não temos em Portugal Continental, e encontrámos senhoras vestidas com trajes típicos madeirenses. Outra visita que não desilude é a uma fábrica de bordados da Madeira. A arte, o trabalho, a minúcia e o amor depositados naquelas obras é fascinante. Seguimos caminho e tirámos fotografias com a estátua do Cristiano Ronaldo que se situa em frente ao seu hotel e museu e passeámos pelo parque de Santa Catarina. Dedicámos parte de uma tarde a visitar as pitorescas casas de Santana. Visitámos, ainda, o Monte, mas não através da viagem típica de teleférico.

 A gastronomia da ilha também tem muito que se lhe diga. Provámos as espetadas, o picadinho, as queijadas, as frutas exóticas, o mel. Não tive oportunidade de experimentar o peixe-espada preto com maracujá. É um pretexto para voltar e fazer o que não fiz da primeira vez.

No último dia, tivemos uma atividade de certa forma inesperada. Tínhamos vontade de dar um passeio de barco para ver os golfinhos, mas a todos os pontos turísticos onde nos dirigíamos, chegávamos tarde demais. Eram quase 11h da manhã e os barcos saíam à 10h30 minutos. Aceitámos o destino de que não iríamos andar de barco naquele dia até que, enquanto visitávamos um pequeno, mas adorável e informativo museu sobre a Madeira, a senhora vem atrás de nós e nos informa que havia um barco que tinha vagas e partia dali a 10 minutos. Aceitámos imediatamente e corremos até ao barco onde todos já esperavam por nós. Não vimos golfinhos, mas valeu a pena navegar por aquelas águas e mais do que isso ter a oportunidade de nadar naquele mar. Só no último dia é que, mesmo que por pouco tempo, experimentámos a vida noturna da ilha. Fomos beber uma poncha, mais agradável do que a primeira, apesar de quase igualmente forte, mas que me deixou mais favorável à bebida típica da ilha, que tanto orgulho causa nos seus habitantes.

Pela minha longa apreciação da ilha da Madeira, penso que dá para perceber que fiquei satisfeita com a minha visita. Fomos acolhidas por muitas pessoas diferentes, muitos amigos de amigos que nos fizeram sentir em casa. Sem dúvida que foi partilhado muitas vivências, palavras e expressões diferentes. Fizemos questões sobre a história da ilha e obtivemos respostas sobre o porquê de os continentais serem designados de cubanos. A Madeira tem campo, cidade e praia e tudo fica relativamente perto. Tem paisagens cénicas de cortar a respiração, calor, exoticidade, a maravilhosa comida e bebida e, mais importante que tudo tem um povo acolhedor. Sim, talvez esteja demasiado turístico e alguns locais tenham perdido alguma da sua essência, mas continuo a ser da opinião de que é um local que vale a pena visitar.

            Nota sobre a autora

O meu nome é Maria Inês Marques, tenho 19 anos e sou estudante de Ciências da Comunicação. Desde que me lembro que sempre gostei de escrever e quis ser escritora. Com o passar do tempo comecei também a apaixonar-me pelo jornalismo. Tenho várias paixões, mas a escrita e o cinema superam qualquer uma. Para mim, escrever é a melhor maneira de expressar aquilo que sinto e penso e fazer com que a minha voz seja ouvida. Sempre que escrevo sinto-me mais feliz e espero continuar a fazê-lo durante muito tempo e cada vez melhor. 

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