Leonor da minha vida

 

Tem 16 anos, a minha Leonor dos olhos gigantes e, nestes dias de praia entre banho de mar e conversas na areia, cabe-me no colo como quando era pequenina.

O meu primeiro amor já é uma mulher, mas todos os dias se aninha nos meus braços e todos os dias me pede festas nas costas e no cabelo. Desenganem-se os que a acham tranquila. É, desde que nasceu, um furacão de emoções, brava como o mar revolto em dia de levante, livre e louca como só quem sabe viver, pode ser. É o ser que me faz rir mais no mundo inteiro e também o que mais me consegue irritar pela argumentação poderosa que aplica nas discussões, capaz de me levar ao limite da paciência e também de me aplicar o golpe de misericórdia final quando, no meio da escalada do debate, faz uma piada única e tonta, óptima e desconcertante.

É a pessoa que mais me defende e que melhor sabe lidar com o facto de ter uma mãe de quem alguns gostam e outros não. Graças a Deus. Enfrenta com coragem essa exposição que não pediu, não teme o confronto e não admite ódios gratuitos e cobardias: não a queiram ver virada do avesso – vai tudo à frente. Nariz empinado, remoinho do cabelo eriçado e palavras certeiras na cara de quem as merecer. Sem contemplações.

O meu amor Leonor nunca esteve tão próximo de mim. Diziam-me que a adolescência inevitavelmente nos afastaria… tudo boatos. O facto de sermos mulheres é tão poderoso e íntimo. Ouvimo-nos quando é preciso falar. Olhamo-nos quando as palavras são dispensáveis. Abraçamo-nos quando tudo o resto falha. E rimos que nem umas loucas de coisas que só nós sabemos.

Sei que lhe falo muitas vezes sobre a alegria que traz à minha vida e como me ensinou o amor incondicional mas é altura de o dizer mais uma vez, porque nestes dias de arrasto de ternura pela praia e banhos de mar quente ao entardecer, tudo o que é mais belo e fundamental se torna claro e se amplia.

Furacão Leonor que dança no areal como se estivesse sozinha, indiferente aos olhares alheios. Tão feliz e cheia de música e de luz, o meu amor.

Aninha-te aqui no meu colo mais um bocadinho. Faz-me rir até eu ser muito velhinha e, quando isso acontecer, leva-me a dançar: não te esqueças destes dias e do que somos. Isto é o que somos e seremos sempre. Isto somos nós – independentemente das rugas e dos cabelos brancos do futuro.

Isto, somos nós.

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