Julgar

Eu julgo. Tu julgas. Ele julga. Nós julgamos. Vós julgais. Eles julgam. Julgamos todos. Uns mais, outros menos, mas sem excepção. Julgamos todos, em todos os tempos verbais. O que varia a nível da pessoa deste verbo complexo, é mesmo o modo como ele é aplicado. E a vida, as experiências que passamos através dela, quase sempre involuntariamente; os desesperos e angústias que ultrapassamos, as batalhas que vencemos e, tantas vezes, perdemos, são a maior condicionante deste modo de aplicarmos o verbo (julgar) aos sujeitos que se cruzam com o nosso predicado.

Mas, se pensarmos bem, e gramáticas à parte, se julgar é uma capacidade importante de exercermos o nosso arbítrio, é também um castrador de oportunidades. Quantas vezes, ao julgarmos alguém pela sua aparência, nos estamos a privar de conhecer melhor uma pessoa verdadeiramente bonita? E quantas vezes achamos que uma pessoa é de determinada forma, tendo em conta, unicamente, um determinado momento, em que o nosso olhar apanhou aquela pessoa a comportar-se de forma inadequada (para nós!)? Verdade verdadinha, é que o julgamento é o grande inimigo da percepção, e o resultado disto é a incompreensão. Quando não compreendemos, não aceitamos (olhem à vossa volta e vejam quantas vezes isto acontece no vosso dia-a-dia). Por outro lado, ter uma atitude de aceitação incondicional de si mesmo e dos outros, é das lições mais difíceis mas imprescindíveis para a inteligência emocional. E aceitar não significa de todo ser obrigado a gostar de algo ou alguém, e muito menos submeter-se a qualquer situação. Significa continuarmos a ser verbo, no seu modo afirmativo, com o conhecimento de que todos os sujeitos têm direito à sua verdade.

Nota sobre a autora

Sofia Isabel Vieira
Autora das Aventuras do Noronha e do projecto Pais com P Grande. 
Crente de que #oamorcuratudo.
Aventureira, sonhadora visceral e arquitecta da minha própria vida. Vivo com propósito e por isso tenho uma necessidade constante de escrever sobre isto.

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