Há crianças em jaulas nos Estados Unidos da América em 2018

Enviaram-me a gravação dos sons do momento da separação dos pais. Aos primeiros segundos deixei de conseguir ouvir. Tão cobarde me senti, lágrimas a cair cara abaixo, incapaz de ouvir aqueles choros, os gritos desesperados por “mãe” e “pai”, tão pequeninos, por favor, tão pequeninos que nem dá para tentar explicar-lhes a maldade do mundo que os leva ali, arrancados ao colo dos pais, enfiados numa jaula com outros minúsculos em pânico, sozinhos como eles, aterrorizados porque quando somos pequeninos o nosso mundo é o colo dos nossos pais.

Eu recuso-me a viver num mundo assim. Crime dos pais? A tentativa de uma vida melhor, a fuga da miséria, do desemprego, a esperança num futuro melhor para os seus filhos que lhes foram, agora, brutalmente arrancados dos colos.

Paremos dois segundos para pensar: e se fossemos nós?

Como é possível existir um Presidente dos EUA que defende que estas pessoas são invasoras, menos que nós, não merecedoras de um tratamento digno (humano!)

Como é possível que alguém possa dormir depois de ouvir aqueles gritos?

Como é possível que alguém consiga sorrir sabendo que estão crianças numa jaula, separadas dos seus pais, a pensar, sabe-se lá o quê, deste mundo em que vivemos?

Como é possível?

 

 

Quinta-feira, Praça Luís de Camões, Lisboa.

#familiasunidasnaodivididas

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