Filha és, mãe serás

 

Quando era pequenina olhava com espanto para a minha mãe.

Quando o frango assado vinha para a mesa, ela era sempre a última a servir-se: cada um escolhia o que gostava mais e, por último, lá se servia a minha mãe, sempre com um sorriso.

O ovo estrelado que rebentava na frigideira tinha sempre como destino o prato dela.

Descascava as maçãs para todos e comia a que sobrava («está tocada mas é boa, não é para desperdiçar»).

Agora eu sou, instintivamente, essa mãe com outras carinhas pequeninas a olharem-me com espanto.

O amor está nos gestos mais simples. Está nas maçãs tocadas, no ovo estrelado que rebenta. Nas mãos frias na testa que aliviam a febre… que curam tudo.

Filha és, mãe serás…

 

in “Deve Ser Isto O Amor”

Rita Ferro Rodrigues

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