Eu conto-te como foi

 

Ainda eras tu pequenino, já conhecias Espanha, já tinhas ido ao Algarve e decidimos ir dar-te a conhecer o lindo, saboroso e calmo Alentejo.

Não tínhamos muitas preocupações, a tua alimentação ainda era só o meu leite e ter um berço nos quartos que alugámos era a única premissa de que não abdicávamos.

Malas na bagageira, protetor solar próprio para ti, roupinha fresca e lá fomos nós!

Começamos por Arraiolos, a terra dos tapetes, cheia de gente simpática, boa comida e bom ambiente.

Uma praça central com esplanadas de cafés e restaurantes, com os residentes a ver a bola e a tomar café com os vizinhos.

Ficámos a dormir numa antiga casa senhorial em que os quartos pareciam saídos de um filme de época e onde o pequeno-almoço era delicioso e farto em produtos caseiros.

De Arraiolos fomos em direção a Monsaraz, uma maravilha de Portugal que faz verdadeiro jus ao nome.

Palmilhar aquelas ruelas em pedra entre as casas caiadas cheias ora de artesanato, ora de coisas boas para comer e beber, é muito agradável. Junto ao castelo paramos para refrescar numa esplanada e depois fizemo-nos ao caminho para almoçar num sítio muito giro.

Passamos por Évora, comemos bem e passeamos, sempre contigo no marsúpio bem-disposto e consolado com o calor dos corpos da mãe ou do pai.

Ainda tivemos tempo e curiosidade para ir a Evoramonte e valeu a pena pela vista.

Dali fomos para Estremoz, demos uma volta no castelo, apreciámos as ruelas, um lindo pôr-do-sol e fomos jantar.

Não foi fácil, sábado à noite sem nenhuma reserva e contigo no carrinho, lá andámos de porta em porta até que encontrámos um restaurante, e já estávamos cheios de fome.

Por estes dias estávamos alojados num turismo rural espetacular de onde íamos saindo para passear.

Ficava em Avis, dona de um castelo muralhado muito bonito e onde comemos um hambúrguer à pressa na noite em que descobrimos que não ia ser fácil comer por aquelas bandas.

Recomendaram-nos a Taberna do Paulo e foi lá que fomos jantar os outros dois dias que estivemos por Avis – e jantava mais se por lá continuasse, a comida era óptima! Tudo era bom mas as migas de espargos eram de outro mundo. E tu gostaste muito da cozinheira e ela de ti!

Num dos dias fomos dar uma volta até Ponte de Sor, Montargil e Mora.

Em Ponte de Sor fizemos uma caminhada mundo agradável junto ao rio num também agradável passeio ribeirinho muito bem conseguido. Aproveitamos a vista e fizemos um piquenique aí mesmo.

Em Montargil apreciámos a paisagem tendo em conta que ainda eras (e és) pequeno demais para os desportos náuticos que lá se praticam.

Em Mora encontrámos umas festas e, depois de um agradável passeio no parque e um momento de descanso contigo ao colo num banco de jardim à sombra, lá fomos nós até à festa! Assistimos à actuação de um rancho folclórico que tu adoraste e depois fomos ao recinto ver o artesanato regional. A caminho de Avis demos um salto à barragem do Maranhão para mais umas fotos e depois seguimos para a Taberna do Paulo!

O pai e a mãe gostam muito de passear e conhecer sítios novos, nunca parámos nas férias. Mas reservámos um dia só para aproveitar a herdade que tinha um terraço magnífico e uma piscina espetacular!

E ali ficámos os três refastelados ora num puff gigante, ora numa espreguiçadeira, contigo sempre à sombrinha na tua toalha do Mickey!

As próximas noites íamos passá-las em Castelo de Vide, mas até lá chegar, e ao regressar, ainda tínhamos uns quantos sítios programados para te mostrar.

Portalegre valeu pelo passeio, pela visita gratuita ao castelo e pela catedral.

Ali a dois passos, fomos a uma aldeia pitoresca que vi recomendada num blog de viagens: Alegrete, uma aldeia pequena com as casas caiadas debruadas a amarelo e uma praça muito castiça com um coreto e uma fonte. Vale a pena passar por lá!

Castelo de Vide era um sítio onde há muito a mãe queria ir, mas ir na vossa companhia foi o melhor. Cidade muito gira. O Castelo com uma vista fenomenal, as ruas cheias de história e a memória judaica impressa nas pedras da calçada e tão visível nas portas das casas da judiaria, imperdível.

O centro histórico é muito giro também, do hotel íamos a pé para todo o lado. Como ficámos duas noites, jantámos sempre por lá na rua mas a oferta, apesar de tudo, não é muita e não experimentámos nada que seja digno de recomendação!

Aproveitar a curta distância para conhecer Marvão foi uma ideia de génio. Adorámos.

A vila muralhada é muito gira, a visita ao castelo vale muito a pena e nem por andarmos contigo no marsúpio nos cansámos! (Pena foi teres perdido lá uma sandália feita pela tua avó e que nunca mais se encontrou).

Seguimos caminho e aproveitámos para ir conhecer as piscinas naturais de Portagem e almoçámos lá num barzinho onde tivemos a companhia inesperada de uma cobra que felizmente devia estar atrasada para alguma coisa e não se demorou por ali (só o suficiente para nos assustarmos)!

Estavam a acabar-se os dias de férias!

Tínhamos o regresso no dia seguinte.

Ainda tínhamos programado Monforte (influenciado pelo Manuel Luís Goucha) queria muito conhecer a terra das três igrejas e da ponte romana!

E assim foi! No posto de turismo deram-nos umas dicas, no museu explicaram-nos alguns painéis de azulejos que estavam a recuperar, passeámos por ali e fizemo-nos ao caminho, por Nisa (onde não parámos) e com a direção Dornes, por ter sido eleita Maravilha de Portugal. É, de facto, bonita e tem uma localização privilegiada sobre o rio, mas vista de dentro, torna-se menos imponente do que vista numa imagem aérea em que parece de facto um pequeno paraíso na terra.

Continuámos a caminho de casa e, desta feita, só fizemos uma pequena paragem em Vila Velha de Ródão.

Parámos na ponte para apreciar a beleza do rio Tejo e fomos ao castelo onde outra hora morou uma Rainha que acabou assassinada por se apaixonar e fugir, diz a lenda, num túnel por baixo do rio, não sem antes amaldiçoar as Terras de Ródão.

E foi assim, filho, que passámos uns dias de férias muito bons contigo, com calma, sem preocupações e em que a única prioridade era estares bem e sermos felizes os três, a três…

 

Nota sobre a autora

Chamo-me Carmo Carneiro e tenho 32 anos.

Sou Enfermeira há 9 anos e foi a profissão que me trouxe da minha Terra Natal, Amarante, para Lisboa.

Sempre gostei muito de escrever mas não segui a área das letras porque sempre tive inclinação para a área da saúde.

Comecei a escrever alguns textos no meu Instagram, principalmente depois de ser mãe, e o feedback que recebia dos amigos era muito positivo e fui ganhando cada vez mais gosto pela escrita. Consigo imaginar-me a fazer da escrita a minha vida!

Sou casada há 2 anos e mãe há 1 e a minha família é sem duvida a minha maior inspiração.

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