Este texto hoje é para ti.

Para ti que perdeste o bem maior e mais precioso que a vida te deu.


Para ti que enfrentas diariamente o maior medo e o pior pesadelo de todas as que, tal como tu, são mães.

Deixa-me começar por te dizer que tenho perfeita noção que não conheço a tua dor. E é com todo o respeito que tenho por ela e por ti que não arrisco nenhuma palavra acerca dela. Quero apenas escrever-te, hoje, aquilo que tantas vezes penso e nunca te disse.

Quero contar-te, hoje, que dou comigo, muitas vezes, a pensar em ti. Penso em ti quando distribuo pelos meus os beijos de boa noite. Penso em ti nas noites em que estou mais cansada e deixo a reclamação ocupar o lugar do amor que ambas carregamos no coração. Penso em ti quando me assusto. Penso em ti quando, mesmo com sono, o medo não me deixa adormecer. Penso tantas vezes em ti.

Gostava de te abraçar com a mesma força com que tu carregas o teu mundo de saudade. Com um abraço que, mesmo só por um momento, aliviasse a tua dor. Ou quem sabe até com um abraço que te fizesse ir lá acima, onde tantas vezes te imaginas a chegar, para logo a seguir te fazer regressar. Gostava de te pedir, e desculpa-me tanta ousadia, que aceites com amor os teus dias por cá. Mesmo aqueles que parecem não ter mais nada para agradecer.

Quero-te contar que as tuas pessoas estão sempre dispostas a ouvir-te. Mesmo as que nunca te fizeram nenhuma pergunta. Peço-te que não tenhas nunca receio que as tuas doces memórias possam incomodar alguém, e não te inibas de sorrir quando decides partilha-las. Nem de chorar. Gostava também que as tuas pessoas partilhassem mais contigo as suas alegrias. Não sei o que as impede de o fazer quando eu sei que tu continuas a sentir-te feliz pelos outros.

Sei que em dias de festa, nesta série de dias em que se transformou a tua vida, te falta sempre o actor principal.

Quero-te dizer que já chorei por ti. E que vou continuar a chorar. Este texto hoje é para ti. Quis apenas escrever-te, hoje, aquilo que tantas vezes pensei e nunca te disse. 

Nota sobre a autora

Patrícia Costa Mateiro.

Em 2006, um ano depois do meu irmão Pedro, com apenas 22 anos, morrer de acidente de mota, criei o blog para falar dele ao João Maria, na altura, o meu único filho. Hoje, o João Maria é o mais velho de 3 rapazes, os meus 3 Marias: o João, o Pedro e o Zé. Durante algum tempo o blog foi exclusivamente sobre o Tio Pedro. Passados 10 anos apeteceu-me escrever um bocadinho sobre tudo e muito sobre nada e o nome do blog manteve-se.

Tenho material do bom em casa, histórias nossas que podiam resultar em algumas gargalhadas aí desse lado, mas tenho também três filhos que já sabem ler e não gostam que conte nem um terço da acção que por aqui se passa. E eu respeito.

Não escrevo diariamente, nem sequer semanalmente. Só o faço quando tenho realmente algo de especial para partilhar e que possa inspirar alguém.

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2 comentários em “Este texto hoje é para ti.

  1. Lindo minha querida !o teu texto cheio de verdade ,sentimmento,bondade uma exteriorização da tua excelente pessoa que quem te conhece desde novinha certifica a tua escrita como magnifica. Beijinho.

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