Esta máquina de costura é um bolo delicioso

 

O Elefante de Papel mostra-vos agora o trabalho de Angela Rocha Pereira criadora da marca rub-a-duckie,  34 anos e um talento incrível no Cake Design ou como a própria gosta de dizer “escultura de comestíveis”. Bolos tão realistas que custa a acreditar que sejam para comer e ainda por cima…deliciosos.

Como descreves o teu trabalho?

O termo correcto é Cake Design mas também gosto de dizer que faço esculturas comestíveis, talvez porque quando comecei, desde cedo, a brincar com as massas e os recheios tentava dar-lhes uma forma específica em oposição a construir um bolo de formato convencional e colocar-lhe bonecos ou elementos decorativos em cima. Mas Cake Design pressupõe a criação de todo o tipo de bolos decorados e não apenas os mais esculpidos.

Como aparece esta actividade na tua vida?

Sempre gostei de recriar e inventar receitas, mais na área da pastelaria, mas foi durante a faculdade que trabalhei mais o lado estético das mesmas. Com o mesmo grupo de amigos surgiu este ritual de fazermos “almoços temáticos”, recriar comida inspirada em artista x ou movimento artístico y, .. foi assim que surgiram as minhas primeiras tentativas em bolos e que fui criando esta expectativa de “a Ângela traz a sobremesa”!

Qual a tua formação?

Formei-me em Pintura na Faculdade de Belas Artes, acredito que o curso tenha sido essencial para o que faço hoje em dia. Pelo menos é como encaro algumas encomendas que recebo e que trabalho como se estivessem destinadas a uma exposição e isso já aconteceu, de facto. Nos últimos anos pude, paralelamente, desenvolver um trabalho mais artístico, para exposições colectivas de artes plásticas e multimédia, usando açúcar e chocolate.

 

Onde trabalhas? Quem te ajuda?

Actualmente estou dividida entre estar sozinha no atelier que tenho em casa e em Setúbal com uma equipa de pasteleiros. 

Tenho ajuda na gestão das redes sociais! É-me muito importante esta parte, de outra forma não teria tempo para manter uma imagem cuidada, quem esteve comigo desde o início é uma grande amiga motion graphic designer, a Andreia Reisinho Costa. Foi quem ajudou a criar a imagem da marca, e há uns meses, a Núria Leon Bernardo juntou-se à rub-a-duckie e é ela quem tem gerido as publicações. Tenho a certeza que sem elas tudo o que eu faço pareceria amador ou menos interessante, dou-lhes bastante crédito.

Fazes mais alguma coisa para além dos bolos? O quê?

Todo o tempo, para projectos, de que disponho está quase 100% relacionado com comida. Sejam doces comestíveis, bolos cenográficos em eventos ou instalações de esculturas em exposições colectivas de artes plásticas. No entanto, devido à natureza imediata dos prazos associados a encomendas, acabo por dedicar mais tempo a essa parte e tudo o resto são projectos em curso a avançar em câmara lenta.

 

Porquê a escolha deste nome para a tua marca?

Sempre achei piada a trocadilhos e a patinhos de borracha. Na altura fez sentido esta ideia de cruzar referências e usar um “patinho-lamparina mágica” como veículo para conceder todos os desejos (relacionados com a pastelaria!) a outros, ou noutras palavras, afirmar a possibilidade de concretização das ideias mais extravagantes. Não achei que estivesse a dar nenhuma novidade porque a pastelaria é um mundo de possibilidades mas pareceu haver uma necessidade de relembrar isso e criar alguma distância do convencional.

Como gostavas que este negócio evoluísse? Que sonhos tens?

Ainda preciso de crescer muito nesta área. Há uma porção enorme de ideias que ainda quero explorar e isto é óptimo, é aquele estímulo constante que mantém o meu interesse no máximo. Durante anos tive a certeza de que o meu futuro passava por abrir, fisicamente, uma loja/atelier de bolos e sobremesas, mas nestes últimos houve a possibilidade de trabalhar em mais projectos diferentes, com pessoas diferentes, e isso agrada-me bastante. Não sei se tanto seria possível se estivesse apenas completamente focada em gerir um espaço meu, mas também não é algo que tenha descartado para sempre. 

 

Qual o trabalho/bolo de que te orgulhas mais? Porquê?

Fiz um busto do Eduardo mãos de tesoura. Foi há muitos anos, ainda me estava a iniciar, mas vai ser sempre o trabalho mais importante, apesar de hoje em dia só lhe conseguir apontar defeitos, porque foi o bolo que, definitivamente, me deu credibilidade na área do “wooww! Esta pessoa consegue fazer isto”.

 

Qual o pedido mais estranho que já te fizeram?

Hmm.. esta pergunta deixa-me sempre com dificuldade para responder porque a minha mente vai, naturalmente, para lugares bem estranhos e até hoje nunca me senti muito surpreendida em relação a pedidos fora do normal, mas consigo dar um exemplo de um mais extravagante: o cliente queria uma reprodução do Super Mario em 3D mas com a cabeça dele em vez da do Super Mario, foi interessante misturar o  cartoon do corpo com o realismo da cabeça.

 

E o trabalho mais difícil?

Definitivamente, o D. Sebastião para o catering da conferência de imprensa do Motelx em 2016. Nessa altura já tinha tido a experiência de fazer um bolo em forma de um corpo adulto e à escala real por isso não senti essa parte como um desafio. Mas este bolo tinha dezenas de micro detalhes e só os adereços em açúcar levaram vários dias a fazer. Dois anos depois ainda o vejo, no seu todo, como o mais difícil até hoje e de todos os que já fiz e ficou memorável pelos melhores motivos por isso é sempre um óptimo exemplo a referir. 😀

 

 

Como podemos encomendar os teus trabalhos?

A loja é online, uso a plataforma do Facebook como catálogo e é  lá que se encontra toda a informação base sobre a encomenda de bolos, surgem sempre dúvidas que são esclarecidas via mensagem, mail ou telefone e as entregas são agendadas conforme disponibilidade.

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