Em 2020 vamos ter 25 min?
Publicado a na categoria Reflexões
O ano de 2019 teria de ser mais produtivo. Foi a meta proposta, que agora se reforça para 2020. Andamos sempre a lutar com a célebre frase de “não temos tido tempo”.
Agora na reta final, reflete-se sobre as resoluções anuais e faz-se um balanço. Estamos na constante luta de querer fazer mais. Cada vez mais somos definidos por aquilo que fazemos.
Passamos tanto tempo focados no trabalho, em produzir e a mostrar que fazemos, que por vezes dá vontade de perguntar: para quê?
Fala a rainha do checklist. A agenda para todo o lado. O tempo (a medida mais justa do mundo), cronometrado, contado, rentabilizado. Ele é tempo para a leitura, tempo para cozinhar, tempo para tomar café, tempo para o exercício…. Agora tempo para ter o prazer de ter um livro para ler e não o ler?
Sendo o tempo igual para todos, como torná-lo produtivo ao ponto de termos tempo para o ócio? Sim, porque a procrastinação também é necessária. Como vaguear por ele, sem o contar. Simplesmente estar no parque a passear a sentir o que nos rodeia. Como ter tempo para esses “luxos”?
Sim, já se está a divagar. Fica para uma próxima. Pois, divagar começa por ser a nossa luta nos tempos que correm.
Então, como manter o foco? Como ser mais produtivo?
Divagar nas horas, sem retirar proveito das mesmas é talvez a maior luta destes últimos tempos. Quando pegamos no telemóvel, o dedo desliza logo para o ícone usurpador do nosso tempo, certo? Quando damos por nós, já se passaram horas e não rentabilizamos o tempo.
Vamos falar na técnica do Pomodoro. Uma técnica para nos ajudar a manter o foco.
Reza a história de que tudo começou nos anos 80, com um italiano chamado Francesco Cirillo e um timer de cozinha. Francesco era estudante universitário e estava sem motivação para estudar. Conhecemos esta realidade, certo?
Desta forma criou uma técnica que lhe permitisse manter a concentração no estudo. Como funciona?
Em primeiro lugar, devemos organizar todas as nossas tarefas. Toca de fazer listas. Criar uma lista com tudo o que temos de fazer considerando prioridades, prazos de entrega/conclusão e com estimativa de tempo.
Colocar tarefas profissionais e tarefas pessoais tais como ler emails, ver filmes…
Em seguida, a filosofia da técnica Pomodoro é simples: dividir o trabalho em pequenos blocos de tempo (chamados Pomodoros) onde cada bloco é usado para realizar uma tarefa de cada vez. Trabalha 25 minutos, relaxa 5 minutos.
Quando se completa quatro Pomodoros, ganhamos uma pausa de 15-20 minutos! É uma técnica perfeita para quem tem dificuldades com produtividade e procrastinação. Para quem tem de controlar o seu próprio tempo e fazê-lo render sem as distrações dos brilhantes ecrãs, sem o scroll infinito.
As grandes vantagens passam por melhorar o foco mental. Capacidade que temos vindo a perder ao longo dos tempos, já nem temos foco para um vídeo de 15 min.! Queremos imagens rápidas, soluções milagrosas em minutos….
Com o chip do foco ligado vamos melhorar a nossa concentração numa determinada tarefa pois, vamos conseguir reduzir os usurpadores de tempo. Aumentamos a probabilidade de concluir tarefas num tempo específico em vez de as arrastarmos ao longo de muitos tempos específicos. Colocar um visto num tópico de uma lista, torna-se viciante e catalisador de energia!
Quando entramos na engrenagem começamos a perceber que tempo demoramos em cada tarefa e tornamo-nos mais eficazes. Ganhamos mais facilidade em estimar o tempo para cada tarefa e prazos para os projetos.
Ora, com tudo isto vamos ganhando mais motivação, pois vamos colocando vistos, não vamos protelar tarefas que nos martelam na mente e nos culpam quando estamos no sofá. Sentimento esse que todos conhecemos, pois não usufruímos do sofá, porque julgaríamos que deveríamos estar a fazer a tarefa X e nunca estamos plenos na tarefa X porque estamos a desejar estar no sofá. Sabemos bem o que é isto, certo? Aqui está a base de momentos de ansiedade, que acaba por diminuir com a gestão de tempo adequada.
Depois de instituída a técnica, a nossa memória e criatividade serão estimuladas, tal como o nosso sentido de responsabilidade. Sem tantos sentimentos de culpa.
Se pensarmos que temos de dedicar apenas 25 minutos a ler um artigo necessário para um determinado trabalho, ou que temos 25 minutos para fazer uma sequência de exercícios, estamos a propor-nos a pequenos espaços de tempo reduzido, o que vai estimular e motivar a realização de determinada tarefa, afinal de contas, são só 25 minutos!
Nota sobre a autora
O meu nome é Inês Pina.
Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.