Despaixão
Publicado a na categoria Reflexões
Querido desejo de não te sentir, falta
Fazes tu por ainda chorar o que não volta.
Pobres lágrimas que ainda não tiveram a decência de secar
De passar à linha da frente de batalha.
De te ferir, de te rasgar
Como de paixão e despaixão me fizeste.
Que esta vontade de te perdoar não fosse maior à de te destruir e deixar ir.
Devias ir, estilhaçado como cacos de vidro no mesmo chão em que fiquei.
Vamos à guerra, à luta
Vamos ser quem mais nos disputa.
Arranhados, magoados e saciados.
Nunca mais olhar para trás a menos que nos amemos.
Impossível
Desistir e repetir.
Sempre confusa, o que tu me fazes…
Tiras-me a credibilidade, a vontade de ressurgir e de nunca mais me vir.
Arrancas-me a esperança e a roupa do corpo.
Queres ver-me nua!
E graças a ti ficarei para sempre assim, despida
Exposta.
Não haverá tecido que cubra esta mágoa nem nova flor que cresça nesta terra infértil.
Nos meus sonhos regam-me as tuas lágrimas ilusórias
Morrerei eu de sede ao ver a maldita luz ao fundo do túnel, que nunca chega.
Acordo com a certeza de que incertezas não são para mim.
De que nada o é.
Inês F. Lopes