Desligar a ficha: fim-de-semana em família

Quando tomamos a decisão de arrancar a família de casa para passar um fim-de-semana fora, é preciso ter a noção de que não é fácil escolher um destino que agrade a gregos e troianos, apesar de não faltarem neste país locais absolutamente fantásticos para visitar. Depois de uma reunião com a prole, onde explorámos dezenas de sites turísticos, perfis de Instagram e páginas de Facebook, acabou por decidir o elefante mais velho da manada – rumaríamos a sul para a Costa Alentejana! A verdade é que podemos visitá-la vezes sem conta ao longo de uma vida que ela terá sempre algo de novo para nos surpreender, coisas para nos ensinar, experiências incríveis para guardar na memória.

Queríamos um destino que ficasse longe da confusão da grande cidade e onde pudéssemos relaxar, comer bem, apanhar uns valentes banhos de sol e de mar e desfrutar da companhia uns dos outros, de preferência, com pouca rede para não haver distrações. Acabámos por ir parar à Herdade do Touril, a 4 km da Zambujeira do Mar, uma antiga casa agrícola tipicamente alentejana inserida numa propriedade com mais de 300 hectares de terreno a perder de vista. Já chegámos a horas impróprias mas isso não impediu que fossemos recebidos com enorme simpatia por quem nos esperava. Ficámos hospedados na casa principal, em quartos super confortáveis e decorados com os tons e as texturas da tradição local.

 

Só no dia seguinte, quando saltámos da cama cheios de energia, conseguimos perceber como é diferente dormir sem horas marcadas num ambiente totalmente tranquilo e relaxante que nos obriga a desligar e a dar atenção às coisas mais simples… como um delicioso pequeno-almoço! Comemos tudo a que tínhamos direito, pãozinho alentejano, ovos mexidos de galinhas felizes, presunto, morangos frescos e queijos da terra. Uma refeição “para esquecer a dieta”, porque um dia não são dias e o ginásio vai estar exatamente no mesmo sítio quando regressarmos. O passo seguinte foi decidir se ficávamos na piscina da herdade (de água salgada e aquecida a 28 graus) ou se davamos um salto à Zambujeira para explorar as magníficas praias que tínhamos visto nos sites. Os miúdos votaram piscina, claro, por isso optámos por dividir o nosso dia: aventura pelas praias da parte da manhã e mergulhos na piscina da parte da tarde. Assim ninguém ficaria com tromba de elefante!

O tempo que demorámos a chegar à praia do Carvalhal, a que mais nos agradou, mal deu para ler as notícias do dia no meu smartphone. Foi mesmo um pulinho. Tivemos aquela sensação de estar a entrar no paraíso quando enterrámos os pés na areia e olhámos ao redor: pouca gente, cenário TOP, água transparente e um pequeno bar de apoio com escola de surf para quem quer divertir-se nas ondas. Perfeito para uma manhã em família. Os miúdos no mar e a explorar as rochas e nós… a agradecer aos céus uns minutos de sossego para ler e namorar. Nos dias que correm é um privilégio chegar à praia sem a preocupação de analisar o espaço para vermos onde conseguimos estender as toalhas. Apanhar conchas em vez de tropeçar em sacos de plástico e embalagens vazias. Havia areal suficiente para todos e era maravilhoso!

Tal como prometido, a tarde foi passada na piscina da Herdade do Touril, com muitos mergulhos, jogos subaquáticos e algumas horas a lagartar ao sol com protetor 50, que os raios UV não estão para brincadeiras. Quando nos esquecemos de olhar para o relógio, tudo flui com outra naturalidade e a predisposição para observar o que nos rodeia é muito maior: as espécies animais da região, a árvores e as flores, a arquitetura das pequenas casas e as lendas perdidas no tempo.

Ficámos com mais vontade de ouvir os outros e até de fazer novas amizades. Imaginem que até consegui meditar! É verdade. E fiquei tão zen, tão zen que nem me preocupei com a roupa que ia levar para o restaurante. Fui jantar de chinelo no pé, com uma t-shirt desbotada e uns calções de ganga bem velhinhos que me permitiram saborear com todo o conforto um dos melhores tártaros de atum que comi na vida, no “Vicentino”. Serviço cinco estrelas a um preço muito simpático. Os miúdos adoraram os hambúrgueres com batata-doce e os camarões-panados-com-o-rabo-de-fora que desapareceram da mesa enquanto o diabo esfregou um olho. Ao cair da noite, palmilhando as ruas da Zambujeira, ficámos com a certeza de que tínhamos escolhido o destino certo para a nossa escapadinha de fim-de-semana. Às vezes faz bem fugir e fecharmo-nos na nossa bolha. Não é pecado.

O dia seguinte teve mais aventuras e descobertas incríveis que registámos em fotografia para mais tarde recordar. No momento do check out, já carregados com sacos e toalhas para enfrentar a estrada, ofereceram-nos um pão alentejano acabado de fazer para que pudéssemos trazer connosco um pedacinho dos cheiros e dos sabores da Costa Vicentina. Para voz dizer a verdade, trouxemos muito mais que isso! Viemos de coração cheio.

 

Bloco de Notas

Preço médio da diária: 150 euros (época alta)

17 unidades de alojamento (quartos duplos, suítes com kitchenette e apartamentos T1 ou T2)

Praias a visitar: Carvalhal, Machados, Amália, Pedra da Bica, Tonel

Onde comer: Vicentino, A Barca Tranquitanas e a Marisqueira Costa Alentejana

Partilhe nas Redes Sociais
FacebookTwitterPinterest