Dear Even Hansen

Em português “Querido Even Hansen”,  é o nome do musical que em 2016 mais Tony Awards arrecadou.

Para quem não sabe, “os Tony” estão para os musicais, como “os Oscars” estão para o cinema ou “os Grammys” estão para a música. 

Lembro-me como se fosse hoje da primeira vez que ouvi uma música do DEH. Estava em Itália; numa rulote, num parque de campismo, debaixo de uma tempestade imensa. 

A música em questão chama-se “Waving trough the window” – aceno pela janela – e senti-me automaticamente conectado com o que ouvia. Pela letra. Pela voz. Mas sobretudo pelos comentários de quem já havia visto o musical na Broadway. 

“Este musical salvou-me a vida”, “a minha vida mudou depois de ter visto isto”, “obrigado a quem criou esta história” – são alguns comentários que se podiam – e podem ler – no YouTube. 

No momento seguinte baixei a playlist inteira do musical no Spotify, e estive o resto da viagem de fones nos ouvidos a decorar as músicas e a criar cenários para as encaixar. 

As letras são fortes. Muito fortes. São um lugar comum. Podem querer dizer tanta coisa. Mas, paralelamente a todas ilações que se possam tirar de cada canção, há um tronco comum: a união. 

A vontade de comprar um bilhete para ver o musical na Broadway aumentava a cada dia. Bem como a crush pelo protagonista – mas isso já é outra história. 

Até que é anunciada a estreia em Londres.

No dia compro dois bilhetes: um para mim e outro para o meu irmão. Temos lugares marcados a 27 de Fevereiro.

Mas não é sobre isto que vos escrevo. Quer dizer, é. Mais ou menos.

“Vi o livro do musical que vamos ver na Fnac, já o tens?” – perguntou-me o meu irmão. 

“Não”, respondi-lhe. E segundos depois voava para o shopping mais próximo para o comprar. 

Devorei-o. Ou melhor; saboreei-o. 

Queria saber de uma vez por todas porque é que este musical, agora livro, tinha salvo pessoas. Porque é que havia tanta gente a agradecer ao autor. Porque é que aquelas canções podiam ser cantadas por qualquer um.

Percebi-o no primeiro capítulo. O livro fala contigo. Connosco. Tem a habilidade e mestria de ter voz. Então a empatia que crias com quem te conta história torna-se automaticamente gigante.

Este é um relato de angústia. De adaptação. De metamorfose. Do que é amar sem sermos amados. E não me refiro ao amor que termina com “e viveram felizes para sempre…”. É uma obra que fala sobre gostar e não sermos gostados num antro onde tudo parece perfeito e feliz. 

E é por isso que este livro, ou musical, poderia ser um pedaço da vida de cada um. Porque se nunca nos passou pela cabeça que estamos sós, então é porque realmente estamos. E este livro mostra-nos, a cru, isso mesmo. 

De que de nada servem máscaras. De que a solidão pode ser companhia, mas que é matreira. 

Este livro devia ser de leitura obrigatória em todas as escolas. 

Devia ser presente de Natal para toda a família. 

E, por muito que vos queira contar mais, não posso. Porque quero criar em vocês aquilo que a banda sonora do musical criou em mim – vontade de perceber o porquê “disto”, ter a habilidade de salvar uma vida.

E tem mesmo. 

Agora percebo porquê.

Caro Evan Hansen, obrigado.

 

Nota sobre o autor

Mário de Carvalho. 24 anos. Celebrity Stylist.

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