De Évora com amor

Acabava de estrear novembro. Estávamos numa madrugada vestida com o frio típico do interior. Viseu tem o dom de ter aquele frio que gela os ossos!

 

A viagem é longa. Tínhamos de descer o retângulo mais bonito do mundo. Do Alentejo pouco conhecemos. Uma falha a colmatar. Rumámos a Évora por motivos profissionais, mas desde logo se definiu que teríamos de aproveitar um pouco da cidade. Ficámos dois dias.

 

Chegamos já badalavam as 11 horas, e o pequeno almoço matutino obrigava a um almoço cedinho. Comer bem não é difícil. Há muitas tascas e restaurantes. É só escolher.

 

Pousadas as malas e tirados os casacos. Abençoado sul, recebe com um solinho bom e temperaturas amenas. Quem, como eu fica entorpecida com o frio, sentir o ameno do outono é alegria para a alma.

 

Caminhar é a melhor forma de explorar a cidade. Dentro das muralhas cada recanto é um postal.

 

Atravessar as portas das muralhas é entrar num museu ladeado de belíssimos jardins. Tinha chovido, pelo que sentíamos o espreguiçar das folhas para sacudir as gotas de água e apanhar os raios de sol.

 

O jardim Público tem como pano de fundo o palácio de D. Manuel. Sentimo-nos na sala de visitas da cidade. Um jardim bem cuidado com um ambiente descontraído que serve de local de encontros. Vimos famílias e estudantes a deambular, ou a tomar café pela zona.

 

Prosseguimos jornada pelas ruas e ruelas. As fachadas caiadas de branco, com os contornos das janelas a amarelo, dão um colorido delicioso. Faz-nos sentir o cuidado das mãos do caiador.  Muitas ruas tinham vestígios de festejos com fitas coloridas que as atravessavam de uma ponta à outra. Só acendia ainda mais a peculiaridade de cada passada.

 

Rapidamente nos deparamos com a praça de S. Francisco, icónica pela capela dos ossos. Apanhámos uma fila bem curta e, passados os 4 euros de entrada, já estávamos a visitar um dos monumentos mais peculiares de Portugal. Uma capela forrada a ossos, à entrada uma explicação e lendas alusivas. A reter a frase de entrada “nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos” é uma disclaimer para nos lembrar que somos todos feitos do mesmo material. Muito pertinente nos dias que correm. Não esquecer de visitar o museu dos presépios, que nos surpreende pela variedade e criatividade com que se representa o cenário de natal. Ah, e as varandas do edifício soam a miradouro sobre a cidade, que se erguia branquinha num dia cinzento.

 

Continuámos a jornada pelas ruas de Évora. Uma nota sobre a quantidade de turistas com que nos deparávamos. Desce o orgulho da pessoa ser portuguesa e ter em cada cidade um património único e cheio de tesouros.

 

Chagámos ao largo Conde Vila Flor. Évora é cheia de largos, mas este é talvez dos mais icónicos. É nele que se encontra o templo Romano de Diana. Por momentos, parece que estamos a voltar às aulas de história. Que magistral e imponente. Muitos já viram as fotos, mas ao vivo, impõe-se no espaço e no tempo, e é impossível ficar indiferente. Encontrámos ainda a biblioteca pública, o convento de Lóis e o Museu do Palácio dos Duques do Cadaval, onde nos seus jardins nos deparámos com mais um miradouro delicioso. Vemos no horizonte um Alentejo estendido, a pedir que os olhos posem nas planícies e bebam a tranquilidade do local.

 

A catedral de Évora respira gótico, guarda-se uma hora para a visita e, cinco euros. Respira-se um tempo que só as sulas de história mostraram. Materializa-se o gótico, no tempo e no espaço. E prepararem as máquinas, porque há mais pontos altos que nos mostram Évora estendida no seu esplendor.

 

Évora soa mesmo a postal. Não houve muito tempo, mas do tempo que houve ficou a vontade de explorar mais.

 

Nota sobra a autora

O meu nome é Inês Pina.  

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária. 

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