Da empatia

Vamos começar com uma pergunta. Qual o problema mundial que mais vos tira do sério?

Reflitam durante uns minutos e apontem o problema que selecionaram.

Agora, vamos voltar ao título, para não ficarem com as expectativas goradas. Ora, a empatia em bom rigor é colocarmo-nos no lugar do outro. Isto desta forma, é muito simplista e redutor, mas é avassalador quando conhecemos o conceito de forma mais profunda. Basicamente é desenvolver a nossa capacidade de inferir pensamentos, emoções e atitudes do outro. Saber o que os outros sentem ajuda a tomar decisões e cultiva atitudes benéficas para nós e para os outros.

Vivemos numa era muito individualista.

A nossa comunicação aumentou significativamente. Contudo, foi por meio de um aparelho o que diminui a interação e por sua vez a empatia.  

Importa trazer esta conceito para o nosso dia a dia, pois a empatia é uma força poderosa e revolucionária. A neurociência já provou que nascemos empáticos. A empatia é inata e pode ser treinada. É uma das nossas maiores capacidades, a plasticidade cerebral, que temos de rentabilizar ao máximo. O nosso cérebro molda-se e encaixa toda uma nova aprendizagem.

Nós somos seres sociais, não vivemos sozinhos no mundo. A esta hora já nos demos conta disto, certo? Precisamos de viver em comunidade, logo devemos ser empáticos. Hoje já se percebeu que a empatia é uma das melhores características para a liderança. Esta ajuda a desenvolver a nossa criatividade e o nosso pensamento sistémico.

Então vamos lá voltar à pergunta inicial. Qual foi o problema que selecionaram?

Temos: guerra, machismo, racismo, pobreza, alterações climáticas, capitalismo, crise migratória, falta de água, fome…. Foi algum destes? Repertório para escolha não nos falta, certo?

Um aspeto que importa ressaltar é que nenhum destes problemas é isolado dos outros. São problemas sistémicos e interligados e que inclusive, se vão alimentando uns aos outros. Foi uma seca severa na Síria que desencadeou protestos, que por sua vez levaram a repreensão governamental, e que por sua vez levou a uma guerra civil, que fez com que os sírios tivessem de abandonar as suas casas.

Podemos, tal como na acupuntura, mexer num ponto nevrálgico que interfere em todos os outros. Esse ponto pode ser a empatia!

Se todos os decisores mundiais passassem um dia num campo de refugiados sírio? Se cada um de nós passasse um dia envolvido numa outra cultura diferente da nossa? Se todos pudéssemos sentir só por um dia o peso da discriminação racial?

Não seríamos nós, pessoas diferentes?

A mudança começa em cada um de nós. Sabendo de antemão que a empatia já mora em nós, temos de a treinar. Aprender a ouvir realmente o outro, não julgar, não assumir a nossa realidade como sendo a única válida e correta, procurar pôr em cima da mesma as nossas semelhanças e não tanto as nossas divergências…. Enfim, todo um conjunto de pequenas ações que podemos ir praticando para desenvolver o músculo da empatia.

Depois, é só sair do sofá e praticar com os que estão à nossa volta. Nós aprendemos através da imitação. As crianças imitam, são esponjas dos adultos, e nós vamos mantendo essa capacidade ao longo da vida. Vamo-nos inspirando nos nossos ídolos e vamos replicando.

Sejamos ídolos uns dos outros e sejamos empáticos com quem está ao nosso lado. São as atitudes das pessoas que mudam o mundo!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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