Da Coragem

Não podes fraquejar, o mundo é dos fortes! Ouves em loop, temes o fraquejo, como se isso te tornasse num ser raro, num ser sem enquadramento neste mundo. Um mundo que te pede para te reinventares todos os dias que respondas a desafios diários sempre com energia, com motivação, com pró – atividade… Que te diz que se tens de abrandar, ficas apenas tu. Pois, ninguém vai esperar por ti. Aliás nem o deves demonstrar aos outros.

Querem-te herói, não te dão a capa. Apenas te pedem para ser herói. Tu vais construindo a armadura, nem sempre com os melhores materiais, muitas vezes é com retalhos de guerras passadas. Vais-te revestindo. Tapas a vulnerabilidade. Tapas a fraqueza. Por vezes com tecido fino e transparente, outras edificas um muro de betão armado. Quando estás por de trás do betão armado dizem-te que te falta Humanidade, sensibilidade, que não estás a ver o problema do outro. Quando tens o teu manto bem puído e desgastado, dizem que tens de te erguer, que tens de ser forte e lutar, que já muitos por aí passaram e não ficaram desse forma.

Pedem-se a coragem e tu dás. Lutas com as armas que tens. Por vezes no meio da batalha vais de espada em riste disponível para qualquer desafio. Na batalha a tua coragem é enaltecida. Se a vences julgam-te com coragem. Esquecem-se, que o pós-batalha exige que se tratem as feridas, que se sossegue o corpo e a mente. Porém, é aí estás apenas tu, é aí que choras e assentas as emoções que estiveram aos saltos durante a batalha. Nessa altura ninguém te compreende. Dizem que já não estás no campo que já passou que tens de te erguer como todos o fizeram e estar pronta para a guerra, que essa é que é a sério.

Tens de estar sempre operacional, com a motivação em alta, com o sorriso pronto, com disponibilidade para o outro, com o mood certo! Como se correr a maratona fosse a coisa mais simples de sempre. Para uma maratona ter sucesso precisas de descanso, de libertar as emoções…

Exigem-te a coragem. Se paras os outros atropelam-te. É aí que tu corres, em modo piloto automático. Por vezes nem foste tu a definir a meta, por vezes, nem  queres alcançar a meta. Só querias vaguear pelo caminho aproveitar a paisagem, mas vem o outro de trás e diz que tens de te despachar.

Onde está a tua coragem, para dizer que não queres correr mais? Às vezes tens de parar, outras vezes tens de abrandar o passo…e isso também é ter coragem!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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